Entre 2010 e 2023, a Agência Reguladora dos Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA), registou 1000 de reações graves, das quais 405 dizem respeito a perturbações respiratórias, 57 a casos de falta de ar e 47 a dores na orafaringe (secção da garganta, localizada na parte posterior da boca).
São números que parecem pouco significativos, mas que especialistas temem serem apenas “a ponta do icebergue”.
O Daily Mail avançou esta semana, que a estes dados se junta um novo: cinco mortes. Duas das mortes foram provocadas por problemas cardíacos, incluindo uma paragem cardíaca, e três por complicações respiratórias, sendo que uma foi provocada pela inalação de gordura, uma consequência relacionada com o vaping.
A conclusão foi possível através do sistema Yellow Card, criado em 1960 após os casos de talidomia e, mais recentemente, para controlar possíveis efeitos secundários das vacinas contra a Covid. Este sistema permite que profissionais de saúde e pacientes notifiquem reações adversas que possam ser provocadas por medicamentos sujeitos a receita médica e de venda livre, medicamentos alternativos e implantes. As informações são registadas no sistema e podem levar à revisão dos medicamentos, advertências nos rótulos e à remoção do mercado.
Os especialitas receiam que o número de reações adversas aos cigarros eletrónicos possa ser muito mais significativo, se uma grande parte da população não tiver conhecimento desta forma de notificação de efeitos secundários.
Um porta-voz da MHRA declarou ao Daily Mail que a segurança dos cigarros eletrónicos é sujeita continuamente a uma análise rigorosa. “Convocamos grupos de trabalho sempre que necessário para analisar os dados e as provas relativas a suspeitas de reações adversas associadas à utilização de cigarros eletrónicos”, adiantou.
Embora seja mais ou menos consensual que a utilização destes aparelhos é substancialmente menos nociva do que fumar, é tido como certo que o vaping não é seguro.
Os cigarros eletrónicos são dispositivos que permitem inalar um vapor que é produzido pelo aquecimento de um líquido que contém substâncias como propilenoglicol, glicerina e aromas, além, claro, de poderem ter nicotina. O facto de serem apresentados em embalagens coloridas e com sabores aliciantes para os mais jovens é uma das grandes preocupações das autoridades. No Reino Unido, por exemplo, o uso destes cigarros por crianças mais do que duplicou nos últimos anos.
Como não produzem alcatrão e carbono – dois dos elementos mais perigoso dos cigarros convencionais, podem ser considerados por muitos como mais seguros. No entanto, os seus efeitos a longo prazo não são conhecidos.
O que são os cigarros eletrónicos?
- São dispositivos que permitem inalar um vapor que contém solventes, aromas e aditivos;
- O que os distingue dos cigarros convencionais e do tabaco aquecido é a possibilidade de não conterem nicotina;
- O vapor que produz não está isento de riscos, quer para os consumidores, quer para os não consumidores que podem inalar o fumo passivamente.
Quais são os riscos?
- A grande preocupação gira em torno da falta de regulamentação que não permite analisar na totalidade a verdadeira composição dos diversos líquidos;
- O seu uso provoca dependência e não é seguro para a saúde, principalmente devido à presença de nicotina, solventes, e outros aditivos;
- Mesmo nos cigarros eletrónicos que não contêm nicotina, devido à presença de aromatizantes, podem, também, ser nocivos para a respiração.