Hipertensão e pressão alta são a mesma coisa?
A pressão arterial (PA) é a pressão que o sangue exerce na parede das artérias – vasos sanguíneos que transportam o sangue do coração até outras partes do corpo. A PA varia, ou seja, sobe e desce, normalmente ao longo do dia. E após a ingestão de cafeína ou um acontecimento adverso, como um acidente de carro, resulta em medições com valores elevados. Isso não é necessariamente perigoso, mas é uma resposta fisiológica normal e esperada face a um determinado estímulo, e que cessa após o fim do mesmo.
Não é, no entanto, normal que a PA persista elevada por longos períodos de tempo. Ter medições consistentemente acima do normal pode resultar no diagnóstico de PA elevada ou hipertensão arterial (HTA). Esta pode ser primária, sem causa subjacente conhecida, ou secundária se é consequência de um outro problema de saúde.
Como se mede a pressão?
O doente deve permanecer cinco minutos sentado em ambiente calmo antes da avaliação, não deve fumar, ingerir estimulantes (café, chá preto ou colas) ou medicamentos hipo/hipertensores e deve utilizar aparelhos calibrados e validados com braçal adaptado à envergadura para avaliação da PA, de preferência da artéria braquial (no braço).
Quais os níveis bons e maus?
O doente deve permanecer cinco minutos sentado em ambiente calmo antes de fazer a avaliação e não deve fumar, ingerir café, chá preto ou Coca-Cola
A leitura apropriada da PA inclui dois números. O número superior corresponde à pressão sistólica, a que é exercida na parede dos vasos arteriais quando o coração contrai. O número inferior corresponde à pressão diastólica, a pressão nos vasos entre as contrações cardíacas, quando o coração está em repouso. Os valores devem ser sempre reportados por inteiro respeitando a conjuntura sistólica/diastólica (por exemplo 110/70 mmHg).
A PA é consensualmente aceite como normal para valores < 120/80 mmHg. A PA elevada inclui valores de sistólica entre 120-129 com diastólica < 80 mmHg. Na HTA, o estádio I (leve) é definido por valores de sistólica entre os 130-139 ou diastólica entre os 80-89 mmH e o estádio II (hipertensão moderada) é definido por valores ≥ 140/90 mmHg.
Quando é que a hipertensão se torna muito perigosa?
O diagnóstico de HTA é complexo e requer a integração de avaliações repetidas da PA obtidas no consultório médico e em ambulatório, usando técnicas apropriadas, respeitando a devida preparação e as recomendações inerentes à mesma. A vigilância médica e o controlo da PA é crucial. A PA elevada é geralmente assintomática e frequentemente desvalorizada, sendo a HTA muitas vezes denominada por silent killer.
O que devem fazer os doentes com pressão alta?
É fundamental que os doentes diagnosticados com PA elevada cumpram rigorosamente as recomendações terapêuticas. Não tomar a medicação de forma correta poderá trazer complicações graves. A HTA não tratada aumenta a pressão sobre o coração e as artérias, causando danos em determinados órgãos. É consensualmente aceite por toda a literatura que, mesmo pequenos acréscimos sustentados da PA média, acarretam riscos acrescidos de doença. A probabilidade e incidência de doença grave cresce proporcionalmente ao aumento da PA e de acordo com o doente em questão.
Quais as consequências de ter valores elevados de pressão alta?
Valores muito elevados podem ter consequências fatais. A PA extremamente alta ( ≥ 180/120 mmHg), denominada por crise hipertensiva, pode provocar lesão súbita dos vasos sanguíneos. Clinicamente, se associado a uma PA extremamente alta o doente apresentar sinais e sintomas de alarme – dor no peito, falta de ar, cefaleia intensa, tontura, astenia, perda de visão, convulsões, dificuldade na fala, dificuldade na marcha ou na mobilização dos membros –, deve ser imediatamente observado por um médico.
Como manter a pressão em bom estado?
A melhor maneira de promover uma PA adequada é viver de forma responsável e sustentável: escolher um estilo de vida em que primam a ausência de consumos nocivos (como o tabaco, álcool e drogas), os cuidados alimentares apropriados (uma dieta pobre em calorias, gordura, sal e rica em fibras) e a prática regular de exercício físico com manutenção de um peso corporal adequado. Estas escolhas ajudam a manter a PA em níveis adequados e ajudam a prevenir a incidência de outras doenças, como a diabetes e a obesidade. Vigiar a PA de acordo com as recomendações do seu médico assistente e manter um acompanhamento médico regular é também fundamental.
Que causas podem contribuir para uma pressão arterial persistentemente alta?
A HTA primária desenvolve-se geralmente com o tempo e é, por isso, mais frequente a partir dos 55 anos. Isto acontece devido a algumas alterações que vão ocorrendo à medida que envelhecemos (perda de elasticidade dos vasos arteriais) e devido a escolhas pouco saudáveis que vamos tendo ao longo da vida. Existe predisposição maior para doentes com familiares de primeiro grau com HTA, doenças cardiovasculares ou outras. Certos problemas de saúde contribuem também para um risco acrescido, como a obesidade ou a diabetes mellitus. A HTA também pode ocorrer durante a gravidez.
Conselhos úteis
Segundo o médico Nuno Amândio, todos os doentes com hipertensão devem fazer alterações no estilo de vida.
- Manutenção de um peso adequado, tendo uma dieta rica em fruta e vegetais e pobre em laticínios
- Reduzir a quantidade total diária de sal a não mais do que 100 mEq (que equivale a 2,4 g de sódio ou 6 g de cloreto de sódio)
- Praticar exercício físico regular, 30 minutos por dia pelo menos, quatro a cinco vezes por semana
- Evitar ou moderar o consumo de álcool a dois copos por dia, no caso dos homens, e um copo, nas mulheres
- Não fumar
Os tratamentos
Para controlar a PA é dada terapia medicamentosa. O controlo dos valores da tensão através do tratamento visa diminuir a mortalidade e morbilidade associadas a uma PA persistentemente elevada. A adesão ao tratamento e a vigilância médica (a Direção-Geral da Saúde recomenda duas consultas por ano) são essenciais para um controlo adequado.
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