A investigadora Bahar Behrouzi, da Universidade de Toronto, no Canadá, estudou a relação entre a vacinação contra o vírus da gripe e o risco de doenças cardiovasculares. Da meta-análise – abordagem estatística que sintetiza os resultados de estudos separados, mas relacionados – de seis ensaios clínicos a 9 mil adultos, conclui-se que a vacina reduz consideravelmente esse risco.
Aleatoriamente, os participantes, com uma idade média de 65,5 anos, receberam uma vacina contra o vírus influenza, um placebo (substância neutra), ou simplesmente cuidados padrão de saúde.
Behrouzi analisou os seis estudos, publicados entre 2000 e 2021, e averiguou que, num espaço de um ano, apenas 3,6% dos pacientes vacinados sofreram um grave episódio cardiovascular – isto é, morte cardiovascular, hospitalização por ataque cardíaco, angina instável, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca, ou revascularização coronária urgente. A percentagem aumenta para os 5,4% no caso dos adultos que receberam o placebo.
Assim, o estudo da universidade canadiana, divulgado no final de abril deste ano, associou a vacinação contra o influenza a uma redução de 34% do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares nos 12 meses seguintes à administração.
Por sua vez, os pacientes de alto risco cardiovascular, com síndromes coronárias agudas – que incluem ataques cardíacos, enfartes do miocárdio e anginas instáveis – recentes, usufruem de uma diminuição de 45% do risco, caso tomem a vacina da gripe.
Em Portugal, as doenças cardiovasculares, nomeadamente os AVCs, são a principal causa de morte. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística revelam que, em 2020, o AVC foi responsável pela morte de 11.439 pessoas, o que revela um aumento de 4,2% face ao ano anterior.