O consumo de álcool pode, realmente, estar associado a danos na saúde, que podem ser agravados caso a sua ingestão seja crónica. Em primeiro lugar, é importante ter em conta que o álcool percorre o mesmo caminho que os medicamentos após a sua ingestão. Tal como os últimos, que viajam pelo sangue até aos locais onde, depois, vão atuar – para produzir o efeito terapêutico desejado -, o álcool também é transportado pelo sangue, e vai atuar no sistema nervoso antes de ser metabolizado pelas enzimas do organismo e eliminado através do fígado.
Assim, a ingestão conjunta de álcool e medicamentos pode ter diferentes consequências, explica Margarida Dias, especialista de Medicina Geral e Familiar do Hospital CUF Descobertas, em Lisboa. “Mesmo em pequena quantidade, o álcool pode modificar o efeito terapêutico dos medicamentos e aumentar a ocorrência de efeitos secundários, além de poder resultar em toxicidade para o nosso organismo”, refere.
Por um lado, como o álcool disputa as mesmas enzimas que o medicamento, pode fazer com que o metabolismo do fármaco seja inibido. Isto vai fazer com que a substância ativa do medicamento permaneça mais tempo no organismo, aumentando a probabilidade de haver efeitos secundários.
Por outro lado, o álcool pode ter o efeito oposto, ou seja, estimular o metabolismo do medicamento, processo que vai diminuir a sua permanência no organismo e, consequentemente, o seu efeito terapêutico.
Em situações em que a ingestão de álcool é crónica, as enzimas mantêm-se ativas mesmo quando não há consumo, o que vai afetar continuamente o metabolismo dos fármacos. Por isso mesmo, a ingestão crónica de álcool, ao modificar a transformação dos medicamentos, pode provocar, também, o desenvolvimento de produtos tóxicos que vão deteriorar o fígado e outros órgãos.
Quais são os medicamentos que não podem ser tomados?
De acordo com Margarida Dias, “a maioria dos medicamentos prescritos sofre interacção com o álcool”, mesmo alguns que são tomados frequentemente, como a aspirina e medicamentos para a diabetes e ansiedade. O mesmo pode acontecer com os antibióticos e anticoagulantes, diz a especialista.
O melhor mesmo é aconselhar-se com o seu médico sobre a possibilidade de ingerir álcool enquanto está a tomar um determinado medicamento. “Se existir consumo de álcool, sempre que o médico prescreve um tratamento novo deve perguntar-se sobre a possibilidade de prejudicar a saúde”, explica a médica.
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