Está em curso um declínio dos insetos tão acentuado que já há quem lhe chame “apocalipse dos insetos”. Menos claras são as causas para este fenómeno, embora o uso de pesticidas, as monoculturas, a urbanização e as alterações climáticas estejam entre os principais suspeitos.
Em Portugal, há outra causa: os incêndios são responsáveis por destruir, todos os anos, dezenas ou centenas de colmeias. E o que está em jogo não é apenas o mel. O desaparecimento dos insetos em geral e das abelhas em particular tem impactos profundos na nossa alimentação, explica Joana Bandeira, da Nestum (marca que tem no mel um ingrediente fundamental para o seu produto mais popular em Portugal). “Albert Einstein dizia que, se as abelhas desaparecessem da face da Terra, a humanidade teria apenas mais quatro anos de existência. Só esta frase mostra a dimensão e a importância das abelhas para o planeta e quão importante é protegê-las.”
Na Conversa Verde da VISÃO, a Brand Manager da Nestum sublinha que as abelhas têm “um impacto gigante para o planeta”. “São fundamentais para a manutenção da biodiversidade, porque, quando estão na procura de alimento, vão polinizando as frutas, legumes, as plantações de cereais… São fundamentais para a produção destes alimentos do nosso dia a dia. A Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas lembra que 75% das espécies agrícolas cultivadas para alimentação global estão dependentes da polinização pelas abelhas. Em Portugal, a polinização vale aproximadamente €800 milhões. À escala da União Europeia, este valor sobe para €15 mil milhões de euros. O declínio das abelhas tem realmente impactos diretos na biodiversidade e no setor de alimentação.”
A importância das abelhas ultrapassa muito o valor do mel – mas claro que o mel é um produto que diretamente impacta a Nestum, o que levou a Nestlé a apoiar o setor apícola em Portugal, através do movimento Juntos pelas Abelhas, oferecendo novas colmeias aos agricultores portugueses que perderam as suas devido aos incêndios florestais. Este projeto, que em três anos já distribuiu mil colmeias por 200 apicultores, tem o apoio da FENAPÍCOLA (Federação Nacional de Cooperativas Apícolas e de Produtores de Mel) e da FNAP (Federação Nacional dos Apicultores de Portugal).
Joana Bandeira acrescenta que a iniciativa passa, também, por “educar os consumidores e as novas gerações sobre a importância de plantar flores e proteger as abelhas”. “Temos levado aos consumidores esta mensagem da necessidade de cuidar de abelhas e dos seus habitat. E isso passa por coisas tão simples como plantar flores ou colocar pequenos resíduos recipientes com água nas nossas varandas, para que as abelhas se possam alimentar e matar a sede.”
Este sábado, 20, comemora-se o Dia Mundial da Abelha, no aniversário do nascimento do esloveno Anton Janša (em 1734), fundador da apicultura moderna.
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