“Uma onda de calor destas dimensões ocorre na Sibéria apenas uma vez em cada 100 mil anos”, comentou já Martin Stendel, cientista climático, a propósito da pesquisa realizada pelo Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas de Copernicus (C3S). Segundo aquele programa afiliado à Comissão Europeia, desde os anos 1970 que os termómetros na região não registavam temperaturas tão elevadas. Qualquer coisa como mais 10 graus, na escala de Celsius, de temperatura média.
É verdade que a Sibéria sofre grandes oscilações na sua temperatura mensal ao longo do ano, tal como se verificou nos últimos seis meses. No entanto, segundo Freja Vamborg, cientista que colaborou no estudo do C3S, citada pela CNN, “é incomum, e alarmante, ver temperaturas mais altas que a média durante tantos meses seguidos”.
Viajemos num ápice para a cidade de Verkhoyansk, que disputa com Oymyakon o título de cidade mais fria do mundo. Ambas estão situadas naquela vasta região da Rússia, acima do Círculo Polar Ártico e a mais de 4 500 quilómetros de Moscovo. A primeira acabou por se instalar no topo do ranking quando alcançou os 68 graus negativos. Porém, no primeiro dia deste verão os termómetros locais bateram nos 38 graus. Positivos.
O degelo e a visita dos ursos
Há fortes razões para considerar que estas fortes alterações no clima são explicadas tanto pelos incêndios florestais como pelo derramamento de petróleo.
No início do mês de junho, o presidente russo Vladimir Putin, declarou estado de emergência numa outra cidade da região, após 20 mil toneladas de combustível de uma usina terem sido lançadas a um rio local. No ano passado, os incêndios de grandes dimensões ameaçaram a cidade de Yakutsk. Aliás, desde há três anos, mais especificamente, que a área afetada por incêndios florestais triplicou na Sibéria.
O efeito mais imediato começa por ser o aumento do degelo – e depois a visita de ursos polares às cidades da região, como aconteceu no ano passado. Expulsos do seu habitat natural, aventuram-se cada vez mais para sul à procura de comida.