Como mulheres e mães, desempenhamos um papel vital ao inspirar as nossas filhas e os nossos filhos a abraçarem a curiosidade e o pensamento científico. Demonstramos a importância de fazer perguntas, procurar respostas e nunca parar de aprender. Este legado que oferecemos às futuras gerações vai além das fronteiras das carreiras científicas. Capacita-os com uma mentalidade curiosa e inovadora, que podem manter ao longo de toda a vida, independentemente dos caminhos que escolham trilhar.
Em Portugal, ao contrário do que estamos habituados a ver noutras estatísticas, os números das mulheres na ciência até podem ser vistos como positivos. Em 2020 contávamos com 52% de cientistas e engenheiras. Já a inclusão dessas mulheres em cargos de liderança revela um longo caminho a percorrer para garantirmos uma representação mais equitativa entre mulheres e homens em várias áreas, incluindo a científica.
As organizações são como a natureza: a sua riqueza vem de ecossistemas equilibrados. Quando temos diversidade de competências humanas numa equipa, vemos uma organização “saudável” onde o ecossistema é equilibrado. A tomada de decisões é mais rica e promove-se um ambiente de criatividade e inovação, que representa crescimento, e os “organismos vivos” estão em crescimento. Qualquer um destes elementos é essencial para o sucesso e sustentabilidade de uma organização.
Um estudo recente mostra que existe uma diferença estatística significativa entre os valores de empatia de mulheres e homens. Como tal, equipas de liderança diversas, com mulheres e homens, promovem maior inclusão de pessoas e ideias e contribuem para o bem-estar e sucesso de qualquer organização.
Quando a ciência faz ou fez parte do nosso percurso profissional, ficamos com competências importantes para qualquer que seja a profissão a desempenhar no futuro, como é o caso do pensamento crítico. É ele que nos ajuda a resolver problemas, tomar decisões e inovar. Constroem-se assim bases robustas nas vidas profissionais, e é possível realizar diferentes profissões ao longo da nossa vida.
É esse o exemplo que nos mostra Ursula Burns, que começou por ser engenheira mecânica, chegou a ser a CEO da Xerox e, depois de sair desta organização, envolveu-se em várias iniciativas empreendedoras e de consultoria.
O pensamento crítico e metodológico aumenta a credibilidade do que se faz e impulsiona a eficácia em diferentes desafios profissionais. Na prática, a capacidade analítica, adquirida através das competências científicas, capacita as mulheres para enfrentarem desafios complexos no meio profissional. Quando aplicam o mindset científico, com experimentação e uma abordagem metodológica, tomam decisões informadas, inovam de forma eficaz e exploram diferentes processos e caminhos.
Estamos habituados a ver o pensamento científico ligado à abordagem analítica, mas ele vai muito além disso. “Pensar com ciência” é também uma manifestação da curiosidade, da busca constante por respostas e da coragem para desafiar normas estabelecidas. Cultivar a curiosidade é crucial para a sociedade. É a base que impulsiona a exploração de novos caminhos, a criação de soluções novas e a promoção da aprendizagem contínua ao longo da vida.
No Dia Internacional da Mulher e Menina na Ciência, que se assinalada hoje, 11 de fevereiro, é importante destacar as muitas conquistas das mulheres na ciência e sublinhar como a ciência serve de alicerce sólido para o desenvolvimento pessoal e profissional de cada pessoa.
Num mundo que está sempre a evoluir, a ciência fornece ferramentas e conhecimentos essenciais para poder prosperar em ambientes de trabalho cada vez mais dinâmicos.