O esquema é muito mais frequente do que se possa pensar. Quando se está a tentar fazer uma marcação de um alojamento que parece uma pechincha num site de reservas de referência, como o Airbnb ou o Booking, do lado de lá alguém contacta a dizer que a data ou o apartamento estão indisponíveis e sugere uma oferta alternativa, enviando um link por mail.
É aí que começa o engodo. À primeira vista parece tudo idêntico ao site original: o exato mesmo aspeto gráfico da página, das fotogalerias, dos reviews. É só nos pequenos nos detalhes que se percebe a diferença. Os utilizadores anteriores da casa não são “clicáveis” (não têm páginas associadas), não se consegue navegar dentro deste site e o endereço do url de ligação é ligeiramente diferente do Airbnb ou Booking. É este o caso típico do novo tipo de fishing sofisticado para turistas, um fenómeno em crescimento no mundo.
Aconteceu há dias com um jornalista da VISÃO, quando estava a tentar fazer uma reserva de um apartamento em Nova Iorque. O preço, demasiado barato para a média da cidade e sobretudo para a casa que nos estavam a propor, deixaria de sobreaviso qualquer pessoa atenta. Rapidamente verificámos que a página era estática, não permitia navegação dentro da plataforma, e que o endereço do site era diferente. Em vez de algo como www.airbnb.pt/rooms/1419440 (acrescido do resto do código) este endereço era www.airbnb.rooms2673432112.com
Contactámos o Airbnb, denunciando esta página, e confirmámos o que já sabíamos: tratava-se de uma descarada tentativa de burla. Uma das muitas que acontecem diariamente pelo mundo usando o nome desta rede de reservas, apanhando turistas mais desprevenidos ou inexperientes nestas andanças.
Nas grandes cidades muito procuradas, onde há pouca oferta de curta duração e sobretudo a preços simpáticos, há muita gente a precipitar-se para encontrar uma solução, chegando a pagar imediatamente uma reserva ou o valor integral do alojamento. A partir desse momento duas coisas acontecem: os dados do cartão de crédito, se caiu na esparrela de os fornecer, serão usados para compras até esgotar o seu plafond, e quando chegar ao destino não terá apartamento onde ficar.
Como evitar ser burlado
Há várias regras a cumprir para evitar cair em fishing enquanto faz uma reserva de estadia.
- Não siga links ou anúncios externos às plataformas do Aibnb ou do Booking – podem bem ser páginas cópia fraudulentas. Na dúvida, aceda a esses sites e procure esse mesmo anúncio que gostou ou outros idênticos, mas sempre dentro da plataforma.
- Quando a esmola é muita, o pobre desconfia, já diz o ditado. Se lhe estiverem a sugerir algo que é muitíssimo abaixo do mercado naquela zona, desconfie.
- Escolha sempre alojamentos com muitos reviews anteriores, verificando se esses clientes prévios lhe parecem autênticos. Na dúvida, antes de pagar envie um mail para a plataforma a questionar pela autenticidade do anúncio ou arrendatário.
- Todos os contactos com os proprietários, desde a reserva ao pagamento, devem ser feitos sempre na página do Airbnb ou do Booking. Na maioria das burlas mais graves, é preciso sair da plataforma para que o engodo funcione.
- Nunca faça uma transferência para uma conta bancária que lhe seja fornecida nem dê os dados do seu cartão de crédito. De preferência, use métodos como o paypal que tem um sistema de segurança e verificação associado que dá uma garantia extra.
- Nunca comunique com os proprietários das casas fora da plataforma, a não ser para o momento de entrega as chaves, e apenas se for necessário.