Como está, hoje, no final desta sessão legislativa, o Esplendor de Portugal? As opiniões dividem-se, sublinha Mafalda Anjos no arranque do Olho Vivo, o programa de comentário da VISÃO. “A dicotomia é evidente. Está resplandecente para uns, desgastado e sem brilho para outros – o que temos é um retrato agridoce de um País entre desaires, desilusões e bons números financeiros e económicos“
Para Carlos Rodrigues Lima, “há dois países: o que o governo gosta de mostrar, o dos números e da Economia, e o país real, onde as pessoas sentem os problemas na Saúde, Educação e Habitação”. “Ainda não há soluções para a falta de médicos nos hospitais, para as listas de espera e para o problema dos médicos de família. Nos primeiros meses deste ano, sucederam-se as greves nas escolas, com o ministro da Educação, João Costa, a revelar uma completa incapacidade política para chegar a um acordo. Em setembro, em vez do regresso às aulas, vamos ter o regresso as greves”, diz o jornalista da VISÃO.
“O Estado da Nação é paradoxal”, acrescenta o jornalista Nuno Aguiar. “Não só nestes momentos de maior crispação política, Governo e oposição tendem a apresentar dois países diferentes, como, neste caso, há motivos para ambos o fazerem. Temos um país com crescimento elevado e emprego recorde e, ao mesmo tempo, famílias que nos últimos meses conseguiram comprar menos coisas no supermercado.”
Alguns dos fatores de pressão sobre os trabalhadores começam a aliviar – a inflação está a cair -, mas outros só agora se estão a sentir com mais intensidade. “Se uma das pinças da tenaz está a recuar, a outra está a apertar mais do que nunca: os juros do crédito à habitação dispararam, são centenas de euros para algumas famílias, e devem ficar elevados até meados do próximo ano”, aponta Nuno Aguiar. Para o jornalista, “os serviços públicos são o grande calcanhar de Aquiles deste governo”, referindo o SNS, educação e habitação como setores com problemas aos quais o Executivo não tem conseguido dar resposta. “Mesmo de uma ponto de vista geral: qual será o legado que este Governo deixa? As contas públicas equilibradas? É importante, mas parece pouco. Com maioria absoluta e folga orçamental está à espera do quê?”
A diretora da VISÃO sublinha que se António Costa queria reconciliar os portugueses com a ideia de maioria absoluta, “uma coisa parece certa: nisso está a falhar redondamente”. “Em vez de um Governo que ‘resolva problemas e crie oportunidades’, temos Governo que cria problemas e falha oportunidades. Os problemas na Saúde, na Educação, na Habitação, na Justiça são evidentes para todos, temos um PRR com grandes atrasos na execução – o Banco de Portugal estima 15% quando o Governo dizia 32%. É um crime de lesa-pátria não aproveitarmos os fundos europeus colocados à nossa disposição”, diz Mafalda Anjos, que acrescenta: “A honra do convento só é salva pelas Finanças e pela Economia, onde os números são bastante bons na redução do défice e da dívida e no crescimento económico acima do esperado”.
A Justiça esteve também na análise neste programa, com a Operação Picoas a fazer manchetes e a revelar suspeitas de mais um caso de corrupção no setor privado.
Quanto ao “caso Altice”, o jornalista da VISÃO considerou que se está perante uma investigação que pode chegar a gigantes internacionais como a Huawei e a Cisco Systems. Em resumo, o que está em causa, descreveu Carlos Rodrigues Lima, é, por um lado, corrupção no setor privado, levando a Altice a fazer negócios com o empresário Hernâni Vaz Antunes e, por outro, a imposição deste como intermediário da companhia e os seus fornecedores.
Isto, segundo a investigação, só era possível devido à posição de Armando Pereira na estrutura da Altice (foi cofundador) que também é suspeito de beneficar , ainda que de forma oculta, com o esquema montado.
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