Não são os mísseis balísticos ou os drones que atemorizam o Governo e os militares israelitas. A verdadeira e única ameaça reside no programa nuclear iraniano, persistente e contínuo. Seria um pesadelo para a região, assim como para os Estados Unidos, Europa, NATO e muitos outros aliados.
Este medo assombra os países do Golfo e vizinhos do Irão, como o Iraque e a Jordânia, e obrigaria cada um deles a entrar numa corrida às armas nucleares. Muitos já avisaram, como a Arábia Saudita, que fariam tudo para se tornarem uma potência regional.
Em guerra aberta com Israel, o regime iraniano beneficia de uma vantagem que não tinha há dois anos: o apoio da Rússia nesta área específica. A Rússia não se atreveria a vender ou entregar ogivas nucleares ao Irão- sabendo da reação imediata de Telavive – mas pode aumentar a cadência do programa iraniano, que deixou de ser vigiado e controlado desde a presidência de Trump.
Não é um bom sinal, diga-se, a audácia de Teerão em lançar um ataque contra Israel, embora falhado, com a magnitude que se viu. Os teocratas sentem-se mais seguros e desafiadores, e este fervor não vem apenas dos drones, que tanto auxiliam Moscovo. Putin não tem capacidade para enfrentar mais batalhas, nem meios militares para exportar, mas pode dar uma carta de conforto nuclear ao regime iraniano. Isso é o maior de todos os perigos.
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