Durante dias, semanas, muito se falou da retirada dos EUA e do retorno dos talibãs ao poder no Afeganistão. Insurgimo-nos, fomos todos afegãos!
Esquecemos!
Quanto tempo irá decorrer até nos esquecermos do que se passa na Ucrânia ?
As guerras em direto, as que saltam para os media e para as redes sociais, são as novas guerras do Raúl Solnado e duram o tempo da notícia, até esta ser ultrapassada por uma outra qualquer.
A diferença é que neste momento não se trata de faz de conta e o conflito existe, mata, destrói, arruína, mesmo que não seja primeira página.
Fomos poucos os que acreditaram que o conflito ia escalar e que teria como consequência um enorme fluxo de refugiados. Mas creio que ninguém esperava que tal acontecesse em tão curto espaço de tempo.
Com a escalada da agressão a um país soberano, vamo-nos percebendo de várias realidades.
A primeira é a irrelevância da União Europeia, malgrado a força e determinação da srª Ursula von der Leyen. A estrutura auto-manietou-se, com a imposição do sistema de unanimidade para as decisões estratégicas, e auto limitou-se, reduzindo-se a uma união que nem sequer é económica, mas apenas monetária. Dos princípios humanistas, solidários, que estiveram na sua origem, já pouco existe.
A tentativa do sr. Macron duma demonstração de força da União esbarra com o facto simples de não existência nem duma politica externa nem dum sistema de defesa e segurança comuns.
Essa é a grande diferença entre países como a Rússia e a China face aos países do Ocidente. Enquanto estes últimos estabelecem metas com vista aos calendários eleitorais, a Rússia e a China têm desígnios nacionais muito claros e planeiam as suas ações a longo prazo.
É a velha história do Ocidente ter o relógio e todos os outros terem o tempo!
A Europa depende da NATO e a NATO tem como principal “acionista” os EUA.
É da História e da vida que nunca é boa política dependermos de outrem.
O que está a acontecer neste momento com a invasão da Ucrânia foi pensado, planeado com todo o pormenor, há décadas!
Essa é a grande diferença entre países como a Rússia e a China face aos países do Ocidente. Enquanto estes últimos estabelecem metas com vista aos calendários eleitorais, a Rússia e a China têm desígnios nacionais muito claros e planeiam as suas ações a longo prazo.
É a velha história do Ocidente ter o relógio e todos os outros terem o tempo!
O que mais custa na reação a todo este conflito é a hipocrisia e as ações titubeantes da chamada comunidade internacional.
À Ucrania foi-lhe acenado com a entrada na União Europeia e na NATO. Foi apoiada para se opor ao despotismo russo.
Agora é deixada só perante um gigante bélico e determinado.
Está claro que os acordos são para se cumprirem e o Tratado do Atlântico é muito claro quanto à forma e ao momento em que pode intervir militarmente.
Mas esgrimir sanções como as que têm vindo a aparecer, alertando que estas podem “crescer” em intensidade, não é sério e deveria envergonhar qualquer político.
Estamos à espera que o conflito chegue às portas da Polónia ou de outro país da NATO para expulsar a Rússia do sistema swift?
É que nem essa sanção, que surge como a “bomba atómica” económica, irá fazer grande mossa, uma vez que toda esta ação foi planeada ao milímetro tendo sido acautelado a possibilidade de triangulação de pagamentos através da China. Mas convenhamos que seria uma posição de força e de condenação firme do que se está a passar.
Nem nisso conseguimos entender-nos. E há analistas que afirmam que é de louvar a união de todos os países ocidentais face a este conflito que condenam veementemente. Muito bem. E…?
De louvar, isso sim, a uma escala nacional, a posição da Polónia e de Portugal.
A primeira porque disponibilizou e divulgou já os pontos preparados para o acolhimento de todos os que fogem da Ucrânia.
De Portugal, a posição assumida pelo primeiro-ministro em nome do país de acolher todo e qualquer refugiado, tenha ou não familiares em território nacional. E foi mais longe entabulando conversações com a sociedade civil, os empresários e outras entidades para que estas pessoas possam iniciar um projeto de vida, por muito curta que seja a sua estada entre nós.
Mais uma vez os pequenos países mostram quão grandes são quando ultrapassam as palavras e passam às medidas concretas que têm como objetivo único as pessoas!
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.