Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem sido uma constante em discussões sobre inovação e o futuro do trabalho. No entanto, existe uma perceção errada sobre o seu impacto e é muitas vezes pintada como uma ameaça que roubará empregos e tornará a vida humana irrelevante. Esta visão apocalíptica, embora comum, é, para já, equivocada. Na verdade, a IA não é uma ameaça à vida moderna, mas sim uma ferramenta poderosa que, se bem utilizada, pode melhorar significativamente o quotidiano das pessoas e criar novas oportunidades em diversos setores. Ignorar ou temer a IA é o verdadeiro risco.
É comum ouvir em várias faixas etárias e até profissionais, comentários como: “não uso, já experimentei o ChatGTP [em regra não se acerta no nome] e aquilo não deu grande resultado” ou “Uso o ChatGPT para escrever e-mails e pouco mais” ou ainda “É melhor não saber, senão ainda sou substituído”. Estes comportamentos são mais usuais do que se possa pensar. São os novos resistentes, como foram os nossos pais em relação aos telemóveis e hoje já quase todos fazem videochamadas e usam apps.
Mas nesta tecnologia há um grande diferencial em relação a tudo o resto que se chama: RAPIDEZ. Estima-se que se estejam a realizar 10.000 plataformas por dia alicerçadas em IA. Estar atualizado sobre o que está a sair à data de hoje para o mercado é praticamente impossível. Acontece que uma dessas aplicações pode fazer literalmente a diferença na nossa forma de trabalhar e estar à frente da concorrência. Acompanhar todas as novidades é um dos segredos para tirar partido desta revolução.
E sim, há mais vida para além do ChatGPT, basta pesquisar sobre a área que quiser e vai encontrar uma ferramenta que vai de encontro à sua necessidade. E se não a encontrou provavelmente amanhã já a vai descobrir.
Antes de falarmos sobre os benefícios futuros da IA, é importante entender que ela já faz parte do nosso quotidiano. Quando se usa o Google Maps para fugir ao trânsito, a IA está a otimizar a sua rota. Quando consulta a Siri ou a Alexa para obter informações, está a utilizar assistentes virtuais baseados em IA. Plataformas de streaming, como a Netflix ou Spotify, também usam IA para recomendar conteúdos baseados nas suas preferências. Até os bancos já adotaram o uso de algoritmos para detetar fraudes em tempo real. Esses exemplos mostram que a IA não é uma tecnologia distante — ela já está profundamente integrada no nosso dia a dia, ainda que muitas vezes de forma invisível.
A IA está a tornar-se uma ferramenta indispensável para simplificar tarefas rotineiras e economizar o seu tempo. Ferramentas de automação, como o Google Assistant, ajudam os utilizadores a gerir as suas agendas, enviar mensagens e até a fazer compras online, economizando horas, que são sempre preciosas, no seu dia a dia. Nas empresas, sistemas de IA estão a ser usados para analisar dados de maneira eficiente, otimizando processos que antes exigiam trabalho manual e muito tempo. Chatbots, por exemplo, já são capazes de resolver questões de atendimento ao cliente de forma eficiente e praticamente impercetível, reduzindo o tempo de espera e aumentando a satisfação do cliente.
Um dos pontos mais controversos sobre a IA é o seu impacto no mercado de trabalho. Sim, alguns empregos irão desaparecer. Mas o que raramente é discutido é como, ao mesmo tempo, a IA está a criar novas profissões e a reinventar funções. Por exemplo, a automação industrial, que muitos temiam, não eliminou empregos, mas sim criou uma procura crescente por técnicos em robótica, programadores e especialistas em manutenção de sistemas automatizados.
Este tipo de ferramentas potencia a atividade de cada um, não só libertando mais tempo para outras tarefas, mas também para sermos mais produtivos. E isso é algo de que ninguém vai querer abrir mão. Em vez de temer a inteligência artificial, importa potenciar a nossa inteligência natural através da primeira.
Para aqueles que ainda acreditam que a IA só destrói empregos, vale a pena olhar para o exemplo de como a internet transformou o mercado de trabalho há algumas décadas. Naquela altura, havia medo generalizado de que a automação e a tecnologia digital resultariam em desemprego em massa. No entanto, o que vimos foi o surgimento de setores inteiramente novos, como o comércio eletrónico, o desenvolvimento de software, a criação de conteúdo digital e muitas outras áreas que nem sequer existiam antes. A IA segue o mesmo caminho.
Um dos setores que mais beneficiará da IA é a saúde. Através da análise de grandes volumes de dados, algoritmos podem ajudar a diagnosticar doenças de forma mais precisa e antecipada do que os métodos tradicionais. Sistemas de IA também podem monitorizar pacientes remotamente, detetando sinais de agravamento das condições de saúde e gerar alertas para o médico, antes que o problema se agrave. Isso permite uma abordagem mais pro-ativa, em vez de reativa, à saúde.
Se pensarmos em desigualdades entre nações, vejo na IA uma oportunidade para diminuir essas assimetrias, já que esta tecnologia vai permitir, que de uma forma mais fácil e sem tantos investimentos, se consigam alcançar objetivos que até agora eram inatingíveis para países com fraco desenvolvimento. A formação atempada e a vontade política para acelerar processos será por isso determinante.
O importante é perceber que a IA não é uma tendência passageira. É uma realidade que já está a transformar o mundo em que vivemos e continuará a moldar o futuro. O medo do desconhecido é compreensível, mas ignorar os benefícios potenciais da IA é negligente. Ela pode libertar-nos de tarefas repetitivas, melhorar a nossa saúde, educação, e criar novas oportunidades de emprego. O maior risco que enfrentamos hoje não é a IA, mas a resistência que podemos ter a ela e acharmos que não é suficientemente rápida para ultrapassar quem a ignora.
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