As organizações trabalham ideias, transformando-as via inovação em produtos que satisfazem necessidades da sociedade. A capacidade inovadora depende dos colaboradores, e está também vinculada aos processos e estruturas organizacionais, e a climas e culturas que as estimulam. No demais deste texto, explanam-se sucintamente alguns destes componentes.
A ambiguidade na definição do processo criativo tem induzido a confundi-lo como um processo de resolução de problemas. No entanto, convém esclarecer que a resolução de um problema pode ser alcançada pelo uso de um algoritmo comum, que gera respostas não inovativas. Mesmo os chamados problemas de insight, para os quais um algoritmo não é definido, têm uma solução única, que não é necessariamente criativa.
Uma organização que facilita a resolução de problemas é aquela que inclui um estádio de incubação, ou seja, um estádio em que “se põe de lado” o problema, a fim de facilitar a emergência de um momento “eureka”.
A organização necessita de conhecimento que sustente uma avaliação correta do grau de novidade e utilidade das ideias. A organização que visa a inovação deve fornecer amplo conhecimento e recursos diversos aos funcionários, incluindo formação cultural, artística e científica
A imaginação é outra pedra basilar da criatividade. A imaginação assenta no pensamento divergente, em que se geram as várias respostas possíveis a um problema, todas passiveis de se diferenciar na sua originalidade e utilidade/valor.
O estilo de inovação também é relevante. Segundo Kirton (2004), pode ser-se criativo de forma adaptativa, encontrando respostas dentro do conhecimento existente, ou de forma inovadora, criando soluções não familiares. Estes estilos refletem-se em ambientes organizacionais, onde as preferências podem ser adaptativas, envolvendo imitação e melhoria, ou inovadoras, gerando novos produtos e serviços.
A criatividade está relacionada com uma personalidade que demonstra abertura à experiência (McCrae, 1987), tolerância ao erro (Kriegesmann, e col., 2005), persistência, disposição para o risco e tolerância à ambiguidade/incerteza (Sternbeg, 1999). Para se ser tolerante ao erro, uma organização tem de orçamentar a probabilidade da sua ocorrência. Para se definir como persistente há que situar a ação criativa num espaço e tempo alargado, se bem que dentro das exigências contextuais.
O conhecimento é fundamental à criatividade. A mente humana necessita de uma base de dados adaptada e disponível para o processo generativo de ideias. De igual modo, a organização necessita de conhecimento que sustente uma avaliação correta do grau de novidade e utilidade das ideias. A organização que visa a inovação deve fornecer amplo conhecimento e recursos diversos aos funcionários, incluindo formação cultural, artística e científica.
A mente humana é habitualmente conservadora, evitando incertezas e incongruências, e tendendo a oferecer de forma espontânea uma resposta comum. Estes princípios de funcionamento cognitivo, que encontram paralelo numa organização, podem ser contrariados por um questionamento contínuo (“porquê?; “e se…?”), o distanciamento no tempo e no espaço dos problemas, e o incentivo à imaginação e aos mundos alternativos.
Por fim, importa referir que não basta existirem indivíduos criativos. É também necessário que o contexto seja estimulador da criatividade. Deste contexto, fazem parte alguns elementos, dos quais se destacam (ver Amabile, 2012): suporte organizacional e chefias, existência de recursos e autonomia no desenho e execução de um trabalho avaliado como desafiante, e qualidade do trabalho em equipa.