Sente que está constantemente a tentar chegar a um outro “lugar”, ter “isto” ou “aquilo”, viver determinadas experiências que pensa que serão a verdadeira fonte de felicidade, conseguir aquele trabalho em que se sentiria seguramente realizado, encontrar um companheiro que dê verdadeiro sentido à sua vida, à espera que a sua relação por magia melhore, de fazer aquela viagem… e tem a sensação de que se o conseguisse, finalmente poderia sentir-se completo e feliz?
Provavelmente identificou-se com alguma ou algumas destas afirmações. Sabe porquê? Porque faz parte integrante da natureza humana desejar, querer ter prazer, ter curiosidade, querer conhecer e viver novas experiências, desafiar-se, ter novas aprendizagens… e claro, Sonhar. Também o estabelecer objetivos e metas para os concretizar. E tudo isso é benéfico para o seu natural e saudável crescimento, desenvolvimento e evolução. Pode vir a ser gratificante, edificante e engrandecedor, e proporcionar-lhe a sensação de que a sua vida tem um sentido. Ou não!
Mas a pergunta que eu gostava de lhe colocar é a seguinte:
Como sabe que se sentiria realmente melhor? Tem a certeza? Como?
Será que o melhor para si é decidir que o seu bem-estar depende de acontecimentos externos e muitos deles completamente fora do seu controlo? Será que não está a abrir mão do seu poder para se sentir como se quer sentir?
Pense comigo! Se coloca a forma como se sente na dependência de fatores externos, como seja ter mais dinheiro, um novo emprego, ou um qualquer bem material, isso pode significar que está a dizer a si próprio “não posso ser feliz sem …” e quando o pensa, a sua mente acredita naquilo que lhe está a dizer, e pode começar a sentir que lhe falta sempre um “algo” para se sentir bem e satisfeito. E tudo isto pode ocorrer a nível inconsciente. O mais espantoso é que mesmo quando finalmente consegue o que quer, passado pouco tempo, às vezes dias, sente de novo essa mesma sensação de incompletude, e inventa um “algo mais”. Uma outra “coisa” qualquer, da qual faz depender a forma como se sente. E espera…E se a espera é longa, pode suceder começar a sentir irritação, ansiedade, tensão, pressão, stress, preocupação e até medo quando pensa no futuro.
Já se deu conta de quantos pensamentos por dia tem acerca do que vai acontecer ou não acontecer na sua vida e na vida de outros, daqui a momentos, horas, dias, meses e até anos, e de como o seu estado emocional varia consoante esses pensamentos são mais ou menos positivos ou negativos?
Já alguma vez se perguntou se querer antecipar o futuro e sentar-se numa “sala de espera” à espera de que ele chegue, é a melhor decisão que pode tomar? Já se perguntou o que ganha com isso, ou por outro lado, o que está a perder em fazer depender a forma como se sente de um acontecimento ou situação que não sabe se acontecerá ou que não controla de todo?
Pergunte aos seus amigos, família e conhecidos que vida queriam viver e o que os faria sentir mais felizes. Alguns deles vão responder que seria o Euromilhões, outros não ter de trabalhar, outros viajar à volta do mundo, outros vir a ter uma boa relação, outros ainda ter uma casa grande, o último modelo do carro xpto ou de telemóvel.
E pergunta: Mas qual é o problema de pensar muito em tudo o que se quer sentir, ter e viver no futuro? Nenhum, desde que não exista uma projeção compulsiva constante no futuro e a mesma não comprometa o seu bem-estar emocional, psicológico e físico no presente. Compromete?
Sente que o seu constante esforço é um meio para alcançar um determinado fim, e gostava de conseguir sentir maior satisfação nesse processo que é o caminhar em direção a esse fim?
Se se nega quase a viver ou se sente que vive de forma empobrecida até conseguir um determinado resultado, como está a viver e a usufruir da sua vida?
Não existe nenhum problema em estar focado apenas no que vai acontecer, porque os problemas somos nós humanos que os criamos na nossa mente. Mas pode experimentar situações mais ou menos difíceis de gerir, se resolver escolher ter a sua mente a viver no futuro incerto e uma delas, para além das sequelas anteriormente expostas, é o sentimento de constante frustração e insatisfação, na medida em que vai ter de aprender que o tempo está a controlar a sua mente, em vez de ser você a ter controlo sobre ela.
Por essa razão muitas pessoas sentem uma espécie de insatisfação crónica, com uma amargura tamanha que nada nem ninguém consegue apagar, pois só elas próprias tem o poder de o fazer, se para elas fizer sentido e tomarem um conjunto de decisões, entre as quais, o deixarem de se identificar com esses mesmos pensamentos que as levam a ver o mesmo “filme” vez após vez.
Reflita, pondere e tente perceber o que está a ganhar ao esperar mais do futuro do que do presente, e ao deixar fugir o Agora que está a acontecer neste preciso momento?
Imagine-se sentado numa sala de espera. Cada vez que você entrega o momento presente em troca de um momento futuro incerto, deixa de ter a oportunidade de sentir e viver esse momento. Sim, o momento presente.
Se permite que a sua mente seja condicionada por aquilo que ainda não aconteceu, nem sabe se vai acontecer, então torna-se escravo do tempo e a sua mente prisioneira de um futuro incerto. Quantas vezes pensou que sucederia e não sucedeu nada do que pensou? Para quê tanto gasto de energia mental?
Não permita que a sua mente se torne prisioneira do que de positivo possa vir a acontecer, mas especialmente daquilo que pensa que de menos positivo possa suceder.
Esta é uma das maiores causas de sofrimento humano: a antecipação e as profecias autorrealizadas que a maioria das pessoas fazem sem ter consciência do que está a acontecer nas suas mentes, identificando-se por completo com esses mesmos pensamentos catastróficos e sentindo-se muitas delas vítimas de um mundo demasiado perigoso e repleto de ameaças.
É espantoso como há milhares de anos atrás já Salomão escrevia: “No dia da prosperidade regozija-te, mas no dia da adversidade considera; porque Deus fez tanto este como aquele para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele” (Bíblia, Eclesiastes 7:14)
Será que tem um “excesso de futuro” na sua mente? E de passado?
Sente frequentemente culpa, tristeza, injustiça, mágoa?
Será que os seus pensamentos não vivem “no sótão de uma casa grande no passado” de onde emana a dor que sente? Sabe que pode escolher “deixar ir” esse passado e aprender a identificar cada um desses pensamentos que o fazem sentir menos bem, tomando consciência deles?
Se está sentado na “sala de espera do futuro” e de vez em quando decide levantar-se, meter-se na “cápsula do tempo” e regressar ao passado para voltar a sentir o sofrimento que tantas sentiu, pergunte-se: Onde está a minha vida?
Provavelmente a sua vida anda “a voar” entre o passado que já não existe e um futuro que ainda não existe.
Existirá algo interessante nesses “voos” que contribua realmente para o seu desenvolvimento enquanto pessoa, ou está simplesmente a viajar num tempo que simplesmente não existe?
E se decidisse sair dessa “cápsula do tempo”, levantar-se dessa “sala de espera”, sair para a rua e começar AGORA a observar tudo o que o rodeia e tentar sentir algo diferente, algo entre o espanto e a gratidão?
Que tal fixar a sua atenção em tudo o que o rodeia, sem a mente condicionada por juízos de valor ditados pelo ego, sem certezas absolutas, deixando um pouco de lado as crenças, os mitos, as experiências repetidas que quiseram lhe ensinar algo, as comparações, os rótulos, as expectativas de que deve ser isto ou aquilo, “fazer assim ou assado” … e simplesmente VER tudo aquilo que está neste momento a acontecer à sua volta.
Quando se der a oportunidade de abrir este NOVO ESPAÇO na sua vida para um NOVO AGORA entrar, nunca mais fará depender a sua felicidade de nada, pois ela não está no futuro, muito menos no passado, está à sua frente.
E algo incrível vai também começar a acontecer: vai deixar de querer e insistir que pessoas e acontecimentos entrem na sua vida ou sucedam, passando a centrar-se em toda a maravilhosa e deslumbrante simplicidade/complexidade que o rodeia, não vai precisar que aconteça “assim e assim”, vai começar a aceitar o que é como o que é, e a descobrir o seu verdadeiro propósito.
Você não é o seu passado, nem é o seu passado que o define, é muito mais. Não tem de esperar pelo futuro para sentir alegria e bem-estar. Pode senti-los AGORA.
O que ganha em visitar o passado e o futuro vez após vez?
Será que é a infelicidade que lhe vai trazer felicidade?
São os seus pensamentos que o fazem sentir bem ou menos bem.
Quanto mais presente conseguir estar, mais facilmente conseguirá “apanhar” aqueles pensamentos responsáveis por se sentir ansioso, frustrado, angustiado, com medo ou com uma sensação de culpa.
Imagine que a sua mente é um ecrã de cinema, onde vão surgindo os mais variados pensamentos. Tente perceber como cada um deles o faz sentir.
O Mundo é uma das criações mais espantosas de Deus. Já imaginou como seria se todos os humanos em vez de se identificarem com a sua mente egoica e autocentrada, observassem os seus pensamentos e os questionassem? Provavelmente não estaríamos a viver esta pandemia fruto da mais perversa inconsciência, que teve a sua origem na mente de um psicopata e que foi algures no tempo, um pensamento!
Não limite o seu exponencial de vida, nem a hipoteque no passado ou no futuro, ou nos dois.
Envie a “cápsula do tempo” que o leva ao passado para o espaço, saia da “sala de espera” do futuro, saia da sua mente, esteja simplesmente presente, simplifique tudo na sua vida e tente criar espaço dentro de si para VER e SENTIR tudo o que acontece, não lá atrás, nem lá à frente, mas neste Preciso momento.
De que cor estava o céu hoje? Quantas nuvens viu? Quantos passarinhos ouviu? Por quantas árvores passou? Para quantas pessoas sorriu? Quando sentiu o ar entrar e sair dentro de si? Quando viu as suas pernas a andar e as suas mãos a mexer? Quando sentiu gratidão? Quando sentiu a mais profunda ternura? Quantas vezes disse “Gosto de Ti”?
O seu tempo de vida é precioso!
É da qualidade da sua consciência que depende o seu bem-estar.
E termino com as palavras do Maior Mestre de todos os tempos, Jesus, que há dois mil anos, já nos ensinava a não nos preocuparmos tanto nem a estar ansiosos com o amanhã. “Porquanto, se não podeis fazer nem as coisas mínimas, porque estais ansiosos pelas outras? Considerai os lírios, como crescem; não trabalham nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles.” (Bíblia, Lucas 12:26)