Os militares sempre tiveram um papel preponderante na história de Portugal. Desde a conquista e defesa das fronteiras, passando pela implantação e derrube do Estado Novo, os militares, nos seus vários ramos, têm os meios (letais) para a defesa do País. Por outro lado, e para assegurar a ordem dentro do País, polícias e guardas repartem competências.
Grosso modo, a Polícia Judiciária auxilia as autoridades judiciárias na investigação; a Polícia de Segurança Pública garante a segurança interna e os direitos dos cidadãos; a Polícia Municipal vigia e guarda edifícios e equipamentos públicos municipais; o Grupo de Operações Especiais da Unidade Especial de Polícia é especialista na intervenção em situações de terrorismo e criminalidade violenta. A Guarda Nacional Republicana garante a segurança interna e os direitos dos cidadãos fora dos grandes centros; a Guarda Fiscal assegura o controlo fronteiriço e marítimo; o Corpo da Guarda Prisional garante a segurança e tranquilidade da comunidade prisional; a Brigada de Trânsito tem a missão de controlar o tráfego automóvel fora dos aglomerados urbanos.Apresentados (muito pela rama e com algumas falhas) os membros da família que são os guardiões da Democracia, pergunto-me porque não são olhados de maneira idêntica pelos vários anciões (entenda-se tutelas, que conhecem todas as Unidades e Subunidades Operacionais)?
Bem sei que a PSP é uma força policial, enquanto a GNR é militarizada, regendo-se, por isso, pelos estatutos aplicados aos militares. Mas, sublinho, não será a sua missão similar? Não terá o seu dia-a-dia o mesmo objetivo?
Para o cidadão comum a resposta é sim e por isso todos os membros da família devem receber exatamente o mesmo tratamento. No entanto, quem tutela tem entendimento e preferências diferentes e decidiu brindar uns e esquecer outros.
Não vou entrar pelas péssimas condições em que muitos dos edifícios da GNR e da PSP espalhados pelo País se encontram, vou apenas focar no salário. É inadmissível a política seguida nos últimos anos pelo governo PS. Uma estratégia “terra queimada” e que está a levar ao afastamento dos mais novos de uma eventual carreira ao serviço da segurança do País. Uma estratégia “terra queimada” que obriga as forças de segurança a demonstrar o seu descontentamento através de manifestações nas ruas, num jogo perigoso e que opõe cidadãos que são polícias e polícias ao serviço. Uma estratégia “terra queimada” que não faz contas para que no médio e longo prazo o País tenha militares ao serviço dos três ramos das Forças Armadas, tenha os corpos de Polícia e da Guarda rejuvenescidos. Eles – os Militares, os Polícias, os Guardas – são o último refúgio, o último garante da estabilidade e da Democracia do País. Torna-se, por isso, urgente que o próximo governo (seja ele de que cor for) tenha a vontade de concretizar o que agora o seu candidato apregoa.
Por mim, acredito que os perfis dos titulares que irão tutelar as várias Forças terão de ser opostos aos perfis que tutelaram as Pastas nos últimos 8 anos.
Será o próximo líder de Governo capaz de recrutar esse perfil?
Não concordo com a forma que o protesto tem tido, nem com a motivação política que estão a dar ao momento escolhido. Mas, no conteúdo, impossível não reconhecer razão. Cuidado para não se deixarem politizar mais em plena campanha eleitoral, sob pena da opinião pública não se rever no lamento.
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