Ao cabo de quase seis meses de conflito, a Rússia parece estar a começar a tirar partido da ‘guerra eletrónica’ sobre a Ucrânia. Com o arrastar do tempo, os sistemas de EW (de eletronic warfare) russos estão a começar a pesar na balança, com as forças de Putin a conseguirem desviar equipamentos para a frente de batalha mais rapidamente e a causar impacto nas forças ucranianas.
Em junho, a Associated Press dava conta de um aumento da utilização de hardware e software capazes de intercetar, bloquear ou localizar comunicações dos inimigos por parte do exército russo. Os próprios responsáveis ucranianos admitiram nessa altura que o bloqueio de sinal de GPS para navegação de drones estava a causar mossa na sua eficaz utilização.
Agora, uma análise do Spectrum conclui que o papel dos sistemas de bloqueio tem sido mais preponderante agora do que foi no início do conflito. Bryan Clark, do Center for Defense Concepts and Technology do Hudson Institute, escreve que “os peritos há muito que descreviam a Rússia como tendo algumas das melhores e mais experientes unidades de EW do mundo. Então, nos dias que se seguiram a invasão de 24 de fevereiro, os analistas esperavam que as forças russas rapidamente ganhassem controlo e depois dominassem o espectro eletromagnético (…) mas a EW russa não apareceu”.
O especialista explica que agora que os russos estão a dominar mais território na Ucrânia e a montar táticas de cerco em cidades ucranianas, a utilização de sistemas de bloqueio tem vindo a ser mais incisiva e a causar mais efeitos nas defesas. Há relatos de situações em que comunicações de radar foram bloqueadas e os drones ucranianos não conseguiram identificar as baterias de artilharia russas e de técnicas de interceção da Rússia terem sido capazes de localizar as defesas, resultando na conquista do território.