De um momento para o outro, o mundo fechou-se em casa, o trabalho remoto passou a ser uma realidade, a procura por profissionais de tecnologia ficou ainda mais intensa, mas as empresas também perceberam que se é para funcionar à distância, podem contratar virtualmente em qualquer lugar do planeta. O mundo mudou. A Landing.jobs mudou com ele.
Diogo Alves de Oliveira percebeu a tendência e adaptou a estratégia da startup que lidera a esta nova realidade. Agora a Landing.jobs já não é apenas uma plataforma que junta recrutadores e candidatos com o objetivo de facilitar, por um lado, que as empresas contratem numa área cada vez mais concorrida e, por outro, que os candidatos possam encontrar melhores condições. Em outubro, passou também a intermediar contratos para empresas de tecnologia.
Vamos a um exemplo. Uma tecnológica pretende contratar dez programadores, que podem ser de Portugal, Brasil, EUA, Nigéria ou de qualquer outro país. Do lado de quem contrata, isto significaria ter que lidar com leis laborais, moedas, sistemas de impostos ou expectativas de benefícios extra salariais diferentes – ao adaptar-se à realidade local do trabalhador, aumenta a comodidade para o candidato e aumenta a hipótese de recrutar com sucesso. É aqui que a Landing.jobs se propõe a entrar – em vez de a empresa contratante ter que lidar com várias entidades, poderá lidar apenas com uma – a startup portuguesa, que faz todo aquele trabalho burocrático.
Já do lado do trabalhador – que assina um contrato com a Landing.jobs e não com a empresa para quem vai trabalhar na prática –, esta subcontratação traz proveitos que um contrato direto com a empresa poderia não ter. É, por exemplo, o trabalhador quem decide em que divisa quer receber o salário: imaginando, no caso de um brasileiro, pode receber parte em reais, outra parte em dólares ou, se assim preferir, também pode receber em criptomoedas. E devido à base de conhecimento e dados que a Landing.jobs tem de empresas de tecnologia, pode escolher os melhores empregadores, mesmo que não tenha grande conhecimento sobre as empresas daquele país – por exemplo, um programador nigeriano que quer vir trabalhar para Portugal. Além disso, tem ainda acesso a benefícios extra salário, que são todos geridos pela própria Landing.jobs (ou seja, não tem de ser o trabalhador a procurar e lidar com seguro de saúde, formações, entre outros).
Os trabalhadores assinam contrato diretamente com a Landing.jobs, mas a startup portuguesa garante que o trabalhador tem condições em tudo semelhantes às dos trabalhadores da empresa contratante. Se tiverem um seguro de saúde, também o vão ter neste modelo. Se disponibilizarem um computador, também aqui terão um. Além disso, a Landing.jobs diz cobrar 10% em cima do valor total do contrato, ou seja, vai buscar a sua parte diretamente à empresa e não à fatia do trabalhador. Daí que Diogo Alves de Oliveira recuse que a empresa seja vista como uma entidade de trabalho temporário.

“Uma empresa que de repente tem 15 pessoas espalhadas pelo mundo nesse regime, tem de receber 15 faturas, 15 pagamentos. Através da Landing.jobs e utilizando este sistema, que é a grande proposta de valor, nós centralizamos tudo numa fatura. Nós cobramos apenas uma fatura à empresa, ela faz-nos um pagamento e depois nós sim, individualmente, gerimos com cada um dos trabalhadores. Acabamos por poupar muito tempo às empresas na gestão da sua força de trabalho”, explica o diretor executivo (CEO) da Landing.jobs em entrevista à Exame Informática.
E como funciona nos despedimentos? “Se a empresa de alguma forma me terminar, de alguma forma também temos a legitimidade de terminar com o colaborador. Há os prazos de pré-aviso mínimos, há as indemnizações que têm de ser pagas. Se for nos trâmites legais, não há nada a temer nesse aspeto”, explica.
Como o trabalho remoto está em voga e como há uma grande dificuldade em contratar pessoas especializadas em tecnologia, esta é uma área de negócio que vai de vento em popa – a Landing.jobs já tem contratos assinados com 150 trabalhadores, 70% dos quais têm um contrato a tempo inteiro (os outros 30% estão como prestadores de serviços). Nigerianos, egípcios, brasileiros, argentinos, chilenos, colombianos e sul-africanos são as nacionalidades de pessoas que mais têm aderido à nova proposta da Landing.jobs
Atualmente, esta área de intermediação de contratos já representa 25% da faturação da empresa, que vai chegar ao final de 2021 com seis milhões de euros de receitas. “É um mercado em explosão, não há falta de volume ou de potencial de negócio”, sublinha o CEO, que estima que tenha havido um aumento de 20% do salário médio em Portugal, na área das tecnologias, pelo efeito do trabalho remoto e das empresas capitalizadas que chegaram a Portugal no decorrer do ano.
“Hoje em dia as empresas estão a descentralizar as suas forças de trabalho. Uma empresa portuguesa que tem pessoas em dez países diferentes, não vai criar entidades legais, ter contabilistas em todos os países, advogados em todos os países, é ingerível”.
No final de 2022, a startup já espera que a nova componente de salários e intermediação represente 50% da faturação e que no ano seguinte seja mesmo a principal fonte de receita.
