Estamos à porta de um novo ano e com ele vêm sempre alterações que nos impactam o dia-a-dia: eventual melhoria no salário/pensão, mas também aumento de custos como renda da casa, prestação, alimentação, entre tantos outros. Todas as alterações são potenciais situações de aumento de ansiedade, pelo que esta é a altura ideal para rever os nossos comportamentos. Mais do que grandes propósitos, o que me parece ser útil é assumir prioridades de forma a não perdermos o controlo daquilo que é essencial à nossa vida.
Arriscaria dizer que neste topo de prioridades deve estar, na esmagadora maioria dos portugueses, temas relacionados com as finanças pessoais.
Não foi há muitos anos que passou a estar definido, pela Ordem dos Psicólogos, o que se entende por “ansiedade financeira”. Diz o relatório da Ordem dos Psicólogos, de agosto de 2020, que a Ansiedade Financeira é um sentimento de preocupação, medo ou desconforto com as nossas finanças pessoais. Está associada a uma gestão das finanças pessoais pouco eficaz e todos nós podemos senti-la, independentemente dos nossos rendimentos ou profissão. Esta necessidade de definição do termo acontece porque se reconhece que a ansiedade financeira é um fenómeno generalizado na sociedade. Como diz a definição, e bem, este fenómeno é transversal a sectores profissionais ou valores de rendimentos.
Ao longo da última década tenho estado com a Reorganiza (empresa de serviços na área das finanças pessoais) a dar muitas horas de formação de Literacia Financeira. No entanto, cada vez estou mais convencido que o que é realmente transformador nestas formações não é tanto se as pessoas passam a saber o que é um spread, ou a compreender o mecanismo dos juros compostos, mas sim quando se apercebem que a transformação acontece na altura em que estão realmente dispostas a mudar comportamentos. Mais do que Literacia Financeira, o país precisa de trabalhar a Educação Financeira. Na maior parte das situações de fragilidade económica de uma família, o que está por detrás é uma questão mais comportamental do que técnica.
O primeiro passo para uma mudança de comportamento que permita não entrar em situação de ansiedade financeira é perceber que tudo tem solução. É verdade que se costuma dizer que “o tempo cura tudo”, mas não é essa a solução em que acredito. Deixar passar tempo, nas temáticas financeiras, pode agravar tudo. Por isso, é urgente tomar as rédeas das decisões financeiras e, se for necessário, pedir a ajuda a especialistas para garantir que conseguimos ter uma vida em que somos nós a tomar conta do nosso dinheiro e não é o dinheiro a tomar conta das nossas vidas.
Neste ano, que está prestes a começar, não faça grandes propósitos sem antes distanciar-se um pouco de si para poder ver com sensatez o que precisa de ser trabalhado. Termos um plano financeira reduz toda e qualquer ansiedade e far-nos-á ir mais longe neste ano e nos que se seguem!