Há poucos dias a ideia de uma epidemia capaz de impactar todas as dimensões da nossa vida era algo distante. Tudo mudou num espaço de tempo tão curto que os seus efeitos parecem ser imprevisíveis e potencialmente caóticos.
O impacto económico e financeiro é uma certeza. A eficácia da comunicação externa e interna das empresas e instituições terá um papel fundamental, não só na gestão dos próximos dias, mas também na recuperação da economia nacional.
A comunicação, seja de instituições públicas, pequenas, médias ou grandes empresas, estará ligada diretamente à capacidade da sua liderança em ser direta, verdadeira e honesta com os portugueses, com seus parceiros, clientes e colaboradores.
Esta será a atitude que fará a diferença entre uma recuperação rápida do impacto económico ou danos irreparáveis na reputação e posicionamento de instituições, empresas ou negócios.
As empresas devem centralizar a sua comunicação, através de equipas pequenas (5 a 7 pessoas por áreas de negócio) compostas por representantes das áreas da Comunicação, Recursos Humanos e Liderança, capazes de reunir diariamente online e de enviar atualizações regulares a todos os interessados, sejam eles o conselho de administração, acionistas, colaboradores, clientes ou parceiros.
Independentemente da dimensão, a comunicação das empresas deve ser transparente, clara e objetiva. Partir do princípio que todos estão preocupados, ansiosos e saber que a disponibilidade mental para absorver informação está focada no essencial. Os colaboradores vão precisar de uma liderança capaz de falar com clareza do que se sabe, do que não se sabe, indicando as suas fontes e não esperando até que as coisas aconteçam ou a absoluta certeza de todos os detalhes.
Os clientes precisam de uma atenção redobrada, é necessário mostrar disponibilidade e comunicar regularmente, dar nota dos procedimentos que estão a ser implementados para garantir a segurança e salubridade de produtos, a manutenção de serviços e, se for possível, considerar aliviar o peso financeiro dos clientes, à semelhança do que algumas empresas já estão a fazer.
Esta pandemia criou uma tal volatilidade nos mercados financeiros que no espaço de poucos dias passamos para um cenário de potencial recessão, os acionistas estão preocupados. Uma comunicação franca e clara sobre quais os passos implementados nos próximos dias, quais os objetivos a curto prazo e os valores da empresa deve ser uma prioridade.
Acredito que a comunicação para o COVID19 deve ser dominada por uma qualidade pouco valorizada entre a liderança empresarial e demasiado banalizada pela liderança política: A empatia.
Acredito que um líder atento às pessoas, focado em aliviar os medos e ansiedades dos seus, capaz de dar uma resposta humana e honesta as estas necessidades, será ouvido e finda esta crise, inevitavelmente, ver recompensado o esforço extra que hoje lhe é pedido.