Sobranceiro às janelas de estilo neomanuelino da Estação do Rossio está um dos mais avançados drones do mundo. O AR5 surpreende pelos mais de sete metros de envergadura e assemelha-se a um pequeno avião não tripulado. A dimensão e o facto de necessitar de uma pista para aterrar e descolar não fazem, no entanto, deste modelo o mais adequado para cenários de guerra. A caminho da Ucrânia segue uma versão mais pequena – os AR3 – “Um sistema mais tático”, explica Ricardo Mendes. A notícia é recente: a Tekever, empresa portuguesa com produção em Ponte de Sor, está a fornecer drones às tropas ucranianas. Foram adquiridos através de um consórcio internacional, liderado pelo Reino Unido, e preparavam-se para chegar ao campo de batalha ainda durante o mês de julho.
Muito está, e permanecerá, em segredo, por razões de segurança – e contratuais. Mas Ricardo Mendes, CEO e cofundador da empresa, explica-nos o que faz deste modelo o mais adequado no campo de batalha: “Não precisa de uma pista, é um sistema muito flexível”, capaz de se adaptar a diferentes missões, a passo com o imprevisível. Pode ser lançado por catapulta; pode levantar e pousar verticalmente; pode aterrar com paraquedas. Voa 16 horas, e leva a bordo um conjunto vasto e avançado de sensores – câmaras de espectro visível, câmaras de infravermelhos, radares, sensores de espectro de radiofrequência –, uma capacidade que, geralmente, só é atingível por sistemas bastante maiores. E aqui o tamanho importa. Com três metros e meio de envergadura, e menos de 25 kg, o AR3 é um sistema compacto, pensado para ser facilmente transportável – “Isso dá-lhe uma grande flexibilidade operacional. Tem um footprint logístico mais pequeno. Estes sistemas, geralmente, são constituídos por várias malas, o que torna o transporte difícil.” Em suma, “voa muito tempo, voa muito longe, leva muitos sensores, é muito fácil de transportar e de operar”.