Apesar do título dramático – e verdadeiro – os responsáveis da marca estão tranquilos e confiantes. A Lego apresentou esta quarta-feira os dados relativos ao primeiro semestre do ano, no qual registou a maior queda de lucros operacionais das últimas duas décadas. Os resultados líquidos fixaram-se nas 6,4 mil milhões de coroas dinamarquesas, pouco mais de €800 milhões. Ainda assim, as vendas cresceram 1% para €4 mil milhões.
A penalizar as contas daquele que foi considerado o melhor brinquedo de todos os tempos – e que historiadores e especialistas apontam como o mais influente de sempre – estiveram os custos das matérias-primas e o aumento dos investimentos em novas fábricas. O CEO da Lego, Niels Christiansen, disse ao Financial Times que está “muito satisfeito” com os resultados do grupo, uma vez que o atual contexto tem sido “muito desafiante” para a indústria dos brinquedos. E que apesar das quebras nos resultados líquidos, a Lego se mantém como a maior produtora de brinquedos em vendas e em lucros. Na verdade, o crescimento significativo que a empresa registou durante e após a pandemia não era, segundo o CEO, sustentável a médio prazo.
A empresa familiar dinamarquesa, que atualmente é detida pelo neto do fundador, Ole Christiansen, prepara-se para abrir duas novas fábricas: uma no Vietname, no próximo ano, e outra nos EUA, em 2025. Ao mesmo tempo, tem planos para expandir quatro das outras cinco já existentes. O grupo Lego tem permanecido um caso de estudo e encanta crianças ao longo de gerações – ao mesmo tempo que fascina estudiosos. Mesmo com a patente para blocos de construção (aqueles que se espetam nos nossos pés descalços porque as crianças da casa teimam em deixá-los em todos os cantos) expirada, nenhum outro concorrente conseguiu, sequer, aproximar-se do sucesso garantido pela Lego.
Peças praticamente indestrutíveis, que duram décadas e que são perfeitamente coordenáveis com as várias gerações do produto, o que torna infindáveis quaisquer coleções que se queiram fazer. Quantas vezes as peças de pais se juntaram às dos filhos pequenos e construíram torres que fariam o Empire State Building ter vergonha. Sobretudo porque misturam memórias, cores, e histórias em peças perfeitamente preservadas e com uma qualidade indiscutível.
A Lego Land e os filmes que, entretanto, arrebataram o coração dos fãs nos cinemas também têm ajudado ao sucesso financeiro da marca, que tem nos seus planos reforçar o investimento na rubrica ‘sustentabilidade’: mais exatamante, a Lego pretende alocar cerca de €3 mil milhões por ano, até 2025, para eliminar os plásticos de origem fóssil das suas cadeias de produção.
“Continuamos a deter uma fatia muito relevante do mercado”, disse Christiansen nas mesmas declarações ao FT. “E possivelmente este é o nível certo” para uma atividade sustentável, depois de, em 2021, os lucros terem mais do que duplicado. Afinal, os vários confinamentos obrigaram a puxar pela imaginação e aumentar de forma significativa o número de atividades para fazer em casa. Com crianças ou adultos – afinal, quem não adora ter pelo menos um Lego do Star Wars ou do Harry Potter?
A atividade da Lego deverá, ainda assim, ser relativamente alavancada no segundo semestre do ano, com o Natal a incentivar às compras.