A plataforma de entregas Glovo anunciou esta terça-feira, 14 de setembro, a compra do marketplace português Mercadão. Em comunicado, a empresa diz que a aquisição “complementa a estratégia de crescimento da Glovo e reforça aa sua divisão de Q-Commerce [quick commerce], depois da compra dos negócios da Delivery Hero na Europa de Leste”.
Na nota não são avançados valores do negócio, que inclui também a espanhola Lola Market. O Mercadão é um marketplace que faz entregas rápidas para estabelecimentos como Pingo Doce (take-away, medicamentos e parafarmácia), Lev, Ornimundo, Decathlon, Firmo ou Odisseias. Segundo informação no site, a marca está presente em mais de 60 zonas portuguesas, com personal shoppers que garante “compras personalizadas e rapidez na entrega, todos os dias da semana.”
Gonçalo Soares da Costa, CEO da Mercadão, vai acumular a liderança da empresa portuguesa com a da homóloga espanhola, que está presente em 14 cidades do país vizinho. A Glovo acrescenta que ambas as marcas manterão as suas marcas e operarão de forma independente da casa-mãe.
No ano passado, de acordo com dados da Informa D&B, a empresa que detém a marca Mercadão (Fonte – Negócios Online, S.A., e que é liderada por Gonçalo Soares da Costa) teve um volume de negócios de 28,8 milhões de euros, quase sete vezes mais do que em 2019. E resultados líquidos de 171,6 mil euros num exercício que coincidiu com o início da pandemia. Em janeiro deste ano a maior parte do capital estava nas mãos do Alves Martins Group (grupo de Oliveira do Hospital, com 27,47%), da Portugal Capital Ventures (12,75% – embora o site da Portugal Ventures já dê a participação como vendida entretanto) e da E.A.C. Santos (11,19%).
“A Glovo tem uma visão muito ambiciosa do futuro do comércio eletrónico de mercearias na Europa e da qual estamos entusiasmados por fazer parte. Acreditamos que a experiência combinada e o talento das equipas da Mercadão e da Lola Market, com o alcance internacional da Glovo, nos vai permitir oferecer um serviço de entrega sem rival aos clientes. É um desafio que enfrentamos com entusiasmo e determinação,” refere Gonçalo Soares da Costa no comunicado.
“Estas compras representam um significativo passo em frente para nós, já que passamos a poder cobrir todas as principais opções de compra para clientes de mercearias, tornando a Glovo uma loja única para estes produtos,” acrescenta o CEO e co-fundador da Glovo, Oscar Pierre. A empresa espera que a divisão de Q-Commerce signifique mais de 300 milhões de euros este ano em GTV (valor bruto de comissões de transações, na tradução livre para português) e que venha a mais do que triplicar em 2022.
Num artigo de opinião assinado recentemente na EXAME, Gonçalo Soares da Costa defendia que, no pós-pandemia, as empresas teriam de se diferenciar e acrescentar valor para os consumidores, indo para lá da qualidade ou do preço. “Um modelo de negócio centrado no cliente é fundamental para que isto seja possível,” argumentava, dizendo ser necessário conhecer aprofundadamente os consumidores e monitorizar constantemente as suas preferências e necessidades.
“‘Customer centricity’ é o caminho a seguir e que, no futuro, os negócios focados no cliente se irão afirmar, distinguir e prosperar. Contudo, cá estaremos para assistir à evolução dos negócios digitais e ver quais os contornos que o futuro nos trará,” concluía.