O número e o valor das aquisições feitas em Portugal com cartões nacionais aumentaram durante duas semanas de agosto em relação ao mesmo período do ano passado, algo que não acontecia desde o início da pandemia. As subidas, que chegaram aos dois dígitos na terceira semana deste mês (mais 10% em operações realizadas e mais 11% em valor gasto), aproximam-se dos crescimentos homólogos que vinham a verificar-se na primeira semana de março, dias antes do início do estado de emergência (13% e 11%, respetivamente).
De acordo com o Banco de Portugal (BdP) a tendência de recuperação detetada em agosto já vinha de trás, tendo-se feito sentir em todo o mês de julho, quando a atividade dos pagamentos com cartões mais se aproximou dos padrões de 2019. A contribuir para esta evolução em pleno verão e início de férias estiveram o regresso progressivo à normalidade, com mais atividade económica e maior uso destes meios de pagamento.
Neste mês, do lado dos depósitos, transferências e pagamentos, registou-se mesmo uma variação positiva tanto em número de operações realizadas como no valor envolvido face a julho do ano passado (os depósitos aumentaram 32,7% em valor, por exemplo). Os levantamentos, as operações de baixo valor e as compras continuaram a apresentar registo negativo, mas menos intenso – no caso das compras, o valor envolvido foi 8,7% inferior em termos homólogos.
Os sinais de recuperação estão a ser sustentados sobretudo pela reação da procura interna, já que tanto os levantamentos como as compras feitas por estrangeiros tiveram um desempenho mais negativo do que os feitos por cidadãos nacionais, sustenta o BdP. Enquanto as compras internacionais recuaram 59,9% em julho, as compras de portugueses aumentaram 0,7%. Por outro lado, os levantamentos feitos por estrangeiros caíram 43,7%, enquanto os que foram realizados por cidadãos nacionais, tendo recuado, caíram menos: 9,3%.
Da mesma forma, a evolução não é homogénea por setores. Se em áreas como as atividades veterinárias, a venda de carros e motos, as atividades postais e a saúde se verificou um aumento do número de transações realizadas, já setores como a administração pública ou a educação viram as operações descer mais de 50%. Também o alojamento e a restauração foram dos mais penalizados, tendo os pagamentos caído 58% e 26% respetivamente em julho.
Ainda esta segunda-feira o Instituto Nacional de Estatística deu conta, nos números preliminares da atividade turística, de uma tendência de recuperação do turismo em julho, pese embora as fortes quedas registadas nesse mês: menos 64% de hóspedes e menos 68% de dormidas quando comparadas com há um ano. Também aqui são os residentes a dar maior impulso a esses sinais de ânimo.