O Instituto Politécnico de Leiria recebeu esta quinta-feira mais uma conferência da 3º edição das ESG Talks, com foco na sustentabilidade nas áreas do Plástico, Moldes e Cerâmica. Nuno Filipe Cordeiro, Risk & Regulation Partner da PwC, foi um dos principais intervenientes do evento ao refletir sobre o papel do ESG e a mais recente Revolução Industrial – 4.0. O partner da PWC, começou por destacar a ideia de que “não há crescimento económico sustentável sem uma economia baseada na produção de bens transacionáveis”, explicou. Um modelo que, segundo o próprio, se encontra na região de Leiria. “O que o ESG traz é uma discussão à volta deste modelo e os desafios de ajustamento que o modelo tem”, acrescentou.
Na sua opinião, quando se fala em ESG deve perceber-se, primeiramente, o cenário de alterações climáticas e de aumento da temperatura global porque atravessa atualmente o planeta e as implicações – como incêndios, secas ou outras catástrofes naturais – que esse aumento terá nas próximas décadas. De forma a combater este cenário a União Europeia tem lançado um conjunto de medidas legislativas – como o acordo de Paris – para limitar o aumento da temperatura global.
Para além disso, “o ESG é, na prática, reconhecermos que nas últimas décadas a Europa cometeu três grandes erros estratégicos”, refere. De acordo com Cordeiro, entre esses erros estratégicos estão a segurança – dado que Europa necessita da força fornecida pela NATO, muito dominada pelos Estado Unidos -, as indústrias – localizadas essencialmente na Ásia – e as fontes energéticas – concentradas num único fornecedor, a Rússia. “O ESG é, portanto, o ´embrulho´ para termos motivação política para tentar resolver pelo menos dois dos três erros estratégicos das últimas décadas”, acrescentou.
Assim, de forma a cortar as relações energéticas que possui com a Rússia, a Europa terá de começar a produzir a sua própria fonte de energia – as renováveis. Um cenário ao qual se acrescem várias dificuldades relacionadas a limitação de recursos e que obrigam a que o seu consumo seja o mais eficiente possível. “Este é o cenário que temos pela frente e passa por medidas de eficiência energética”, refere o partner PwC.
Segundo Cordeiro, a transição – a curto prazo – exige custos elevados para as empresas, que incluem os preços da energia, a eficiência energética, o investimento ou os gastos operacionais. No entanto, este é um cenário que, a longo prazo, traz mais benefícios para a Europa. “Se conseguirmos fazer isto, vamos beneficiar de energia mais barata, de processos mais eficientes e o que as projeções mostram é que estes ganhos compensam os custos no curto prazo”, começou por explicar. O especialista mostrou dados de um estudo – e citou outros – que apontam que os custos de curto prazo serão largamente compensados com poupanças duradouras mais à frente, tornando a transição atrativa para as empresas.
“É esta a revolução industrial 4.0. A Europa precisa de dar um salto diferente a olhar para a indústria para suportar a transição energética e a pensar que é decisiva para o nosso modelo de crescimento. E o ESG acaba por ser o grande argumento para conseguirmos justificar estas mudanças”, concluiu.