Depois de umas refrescantes semanas de silêncio, e percebendo que ninguém lhe estava a prestar atenção, André Ventura sacou da cartola um “trunfo” que lhe valeu mais uns minutos de exposição televisiva, umas horas de discussão política e alguns textos como este. Ventura exige que se faça um referendo sobre imigração, com duas perguntas, como condição para vir a aprovar o Orçamento de Estado para 2025. A ideia de arranjar um tema que nada tem a ver com o Orçamento para viabilizar o documento não é nova, pelo menos, no que diz respeito às estratégias usadas por movimentos populistas, sejam eles de esquerda ou de direita. Em tempos, na agonia da geringonça, o Bloco de Esquerda também fez depender o seu voto no Orçamento de um governo de António Costa da alteração às leis laborais, também uma matéria que nada tinha a ver com as contas do Estado (viria a votar contra, claro). Por detrás da chantagem de André Ventura, como na de (então coordenadora do Bloco) Catarina Martins, esconde-se uma confissão mais ou menos óbvia: o Chega está-se nas tintas para o Orçamento ou para qualquer que seja o seu conteúdo: se lhe dessem o referendo, assinaria de cruz o documento que há de vir na pen apresentada pelo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, no Parlamento. Ou, mais provável, encontraria outra exigência para não ter de o fazer. É por isso que há partidos de Governo e, depois, há estes.
Visão do dia: A cassete de André Ventura
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