Marcelo Rebelo de Sousa espera que o seu filho Nuno não tenha invocado o seu nome em vão, nalgum telefonema ou email para o Governo, ou para as entidades de saúde, a meter uma cunha para que as já famosas gémeas luso-brasileiras tivessem um tratamento preferencial, na prescrição do medicamento mais caro do mundo. Aliás, o “dr. Nuno Rebelo de Sousa” não precisaria de invocar o nome de ninguém, porque ele próprio tem o apelido certo. Talvez Marcelo também devesse saber que, no ecossistema de subserviência da nossa Administração Pública, e dos seus quadros intermédios, face aos poderes, um Presidente não precisa de verbalizar um desejo seu para que ele seja satisfeito, pela ânsia de agradar de quem está por baixo: basta que mostre interesse num determinado caso – e ele mostrou interesse neste caso concreto… Porque o filho lhe pediu. Não somos nós que o dizemos: foi Marcelo quem o revelou, ontem, candidamente. Assim, esta segunda-feira, o PR explicou, ou tentou explicar, finalmente, a intervenção da Presidência da República no caso das gémeas luso-brasleias tratadas com o medicamento mais caro do mundo. Na versão presidencial, não existem, realmente, factos que incriminem o Presidente ou que sugiram uma intervenção direta, uma ordem, um pedido, uma sugestão. Mas ele reconheceu que interveio e que o fez depois de ter recebido “ um email” do seu filho Nuno. Marcelo diz que foi uma intervenção “neutral”, mas ele conhece bem a cultura de subserviência atrás referida, com administradores hospitalares (no caso) supostamente ansiosos por agradar a quem manda, sobretudo se a tutela (que os nomeia) der “uma palavrinha”: fala-se de uma consulta mandada marcar, em tempo recorde, por um secretário de Estado. Esta é a Parte II do voo da TAP que outro secretário de Estado quis adiar, para que o Governo continuasse a ter no Presidente ” o seu melhor aliado“.
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