21 de janeiro, uma fria manhã de sábado, perto de 200 pessoas de várias zonas do País, do Minho ao Algarve, acorreram ao cineteatro dos Bombeiros Voluntários de Vila Praia de Âncora. Para assistir a uma conferência que se estendeu até ao final da tarde, cada uma pagou 15 euros, recebeu um bloco de apontamentos de capa preta do movimento Habeas Corpus (HC) e seguiu para a plateia.
Nos corredores, evangélicos desabafavam sobre a sua rutura com o Chega, “oportunidade perdida”. Outros procuravam lugares discretos, ao fundo da sala. Nas filas, gente de todas as idades, casais, famílias, crianças, estreantes e até uma “delegação” galega. Deu nas vistas Mesquita Guimarães, empresário agroflorestal, membro supranumerário do Opus Dei, o pai que litigou nos tribunais pelo direito de impedir dois dos filhos de frequentarem aulas de Cidadania. Tomás Seixas, do movimento Filhos da Luta, apresentou. Frank Gomez, do Habeas Corpus da Galiza, calvinista, agente imobiliário, apelou à união entre povos e à desobediência civil. “Estamos numa nova guerra mundial.” Maria Helena Costa, evangélica, presidente da Associação Família Conservadora, ex-dirigente do Chega (integrou o seu gabinete de estudos), falou sobre os seus temas-fetiche: ideologia de género e mudança de sexo. “Porque é que o Governo está tão interessado em sexualizar as nossas crianças?”, questionou, apelando à luta contra casas de banho mistas nas escolas. “É uma ideia conveniente para os pedófilos”, ouviu-se, na assistência. Ela concordou.
