Os artistas impressionistas Claude Monet e Joseph Mallord William Turner são famosos pelas suas pinturas nebulosas, onde está sempre presente uma espécie de fumo que paira no ar e que se estende pelas suas obras de arte. Mas o que se pensava ser um estilo de pintura, é afinal algo muito real para a altura: a poluição do ar.
Um novo estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, analisou as mudanças de estilo e cor de quase 100 pinturas de Monet e Turner, que viveram durante a era industrial da Europa, na revolução nos séculos XVIII e XIX.
O estudo descobriu que, à medida que a poluição do ar aumentava, também os céus das pinturas de Turner e Monet tornavam-se mais densos. “Os pintores impressionistas são conhecidos por serem extremamente sensíveis às mudanças na luz e no ambiente”, disse Anna Lea Albright, principal autora do estudo e cientista atmosférica do Laboratório de Meteorologia Dinâmica na França. “Faz sentido que eles sejam muito sensíveis não apenas a mudanças naturais no meio ambiente, mas também a mudanças feitas pelo homem”, acrescentou.
No estudo, os cientistas analisaram os níveis de emissão de dióxido de enxofre em Londres e Paris durante esse período e as formas como a poluição do ar pode interagir com a luz, reduzindo, por exemplo, o contraste de objetos vistos contra um fundo e aumentando a intensidade da uma imagem.
Além disso, compararam a poluição do ar nas duas cidades europeias durante a Revolução Industrial aos níveis vistos em cidades modernas, como Pequim, Nova Delhi e Cidade do México.
“Costuma-se dizer que Turner nasceu na era da vela e morreu na era do vapor e do carvão , a sua vida abrange um período de mudanças ambientais sem precedentes”, explicou a autora à Live Science. “Durante a primeira Revolução Industrial, estes grandes aumentos do nível de poluição do ar concentraram-se em Londres [onde Turner morava]. Monet pintou mais tarde, na segunda Revolução Industrial, em Londres e Paris”, esclareceu ainda.
“Ao longo das carreiras de Turner e Monet, notei que os contornos das suas pinturas se tornaram mais nebulosos, a paleta parecia mais branca e o estilo transformou-se de mais figurativo para mais impressionista”, afirmou Albright. A poluição do ar absorve e espalha a luz, explicou ainda a investigadora, fazendo com que os objetos à distância pareçam mais nebulosos.