Passam sete minutos desde que zarpámos da Doca de Santo Amaro, em Lisboa, por baixo da Ponte 25 de Abril. “We got them! Há golfinhos em Caxias!”, anuncia Bernardo Queiroz, ao leme do semirrígido que leva meia dúzia de turistas alemães e portugueses a bordo. Foi o tempo de apanhar uma bola de futebol perdida no rio, e já havia notícias destes mamíferos marinhos que, desde o ano passado, se tornaram presença assídua nas águas da capital. Uma outra embarcação, que saíra minutos antes à procura deles, dera o alerta sobre a localização.
É uma manhã de sol, quase sem vento, nada de ondas. A maré está a vazar. Num instante estamos a uns 300 metros das novas estrelas do Tejo, entre a linha das praias da Costa da Caparica e de Caxias. Vêm a subir o rio, na nossa direção. Bernardo desliga o motor. São uns vinte. “Estão a entrar contra a corrente, vá-se lá perceber porquê”, atira o empresário, que dirige uma escola de vela no Tejo, há 25 anos, e agora organiza passeios de observação de golfinhos, numa parceria com o Oceanário de Lisboa. É mais habitual visitarem o rio com a maré a encher, tinha ele explicado na reunião preparatória.