O escândalo surgiu depois de uma denúncia: um dos mais reconhecidos canis da Coreia do Sul eutanasiava, em segredo, os cães à sua guarda quando professava o contrário.
A diretora do abrigo de animais Coexistence of Animal Rights on Earth (CARE), Park So-yeon, é acusada de ter morto 230 cães nos últimos três anos e os funcionários do canil exigem, agora, a sua demissão.
So-yeon diz que, de facto, foi praticada a eutanásia em alguns animais, mas apenas como último recurso devido às doenças que tinham, diz a CNN.
O CARE ganhou fama no país quando fez uma grande campanha contra o comércio da carne de cão e resgatou vários animais. Em 2017, o presidente da Coreia do Sul, conhecido por defender a causa dos direitos dos animais, deu ainda mais notoriedade ao centro ao ir lá e adotar um cão, a que deu o nome de Tory.
Na semana passada, uma das funcionárias do CARE, disse ao site coreano Newstapa que a diretora “abatia” secretamente cães há vários anos enquanto jurava para o exterior que aquele era uma “santuário” onde não se “matava”.
“Apenas algumas pessoas sabiam disto. Pedi à diretora que esclarecesse o assunto dizendo que ‘acolhemos muitos cães e tivemos de abater alguns’”, disse a mesma funcionária à televisão CBS. “Mas ela disse que não porque tínhamos eutanasiado demasiados.”
A política de resgate sem morte deste abrigo levou a que o espaço ficasse rapidamente cheio de cães. A diretora tomou, então, a decisão de começar a abater os que estavam doentes e, depois, continuou mas de forma discricionária.
O Newstapa revelou uma fatura onde se lê que a CARE pagou a uma empresa para recolher 5,7 toneladas de carcaças de animais entre 2015 e 2018. Um funcionário do canil confirmou a existência daquela conta, mas não é claro quantas dessas carcaças pertenceriam a animais eutanasiados ou a mortes de causas naturais.
O escândalo atingiu grandes proporções na Coreia do Sul e, esta semana, os funcionários deram uma conferência de imprensa a exigir a demissão da diretora.
“Tenho vergonha e muita pena pelos animais que morreram sem razão nenhuma”, disse uma das funcionárias cuja função era resgatar cães. “É o resultado de ter obedecido cegamente e estou desapontada comigo mesma”, acrescentou.