Foi um século de prosperidade económica acompanhada de boa nutrição – mas os seus efeitos sobre a espécie humana não foram irmãmente distribuídos pelo mundo. Os dados foram agora comprovados por um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), conhecido no Fórum Europeu de Ciência, a decorrer na cidade inglesa de Manchester.
Nos países mais altos do mundo no início do século XX – EUA, Canadá e países nórdicos -, não se verificaram grandes mudanças: homens e mulheres cresceram ao mesmo ritmo até aos anos 1970, momento a partir do qual se deterioraram os hábitos alimentares.
Portugal é um exemplo: a estatura média dos homens aumentou 14 centímetros, situando-se no 1,72 metros; já as mulheres medem mais 12,5 cm, passando do 1,5 m para 1,63 metros
As grandes alterações encontram-se antes nos países da Europa continental – Portugal é um exemplo: a estatura média dos homens aumentou 14 centímetros, situando-se no 1,72 metros; já as mulheres medem mais 12,5 cm, passando do 1,5 m para 1,63 metros. E a expetativa é que, como nos outros países do sul, o aumento se mantenha. O mesmo se passou no Médio Oriente e algumas zonas da Ásia. Os homens iranianos, por exemplo, cresceram 16,5 cm em cem anos; as mulheres sul-coreanas medem mais 20 centímetros.
“O nosso estudo mostra que os norte-americanos estão mesmo a ficar para trás”, comentou Majid Ezzati, do Imperial College London, o investigador responsável pelos dados agora conhecidos. O estudo envolveu medições a 18,6 mil pessoas com 18 anos em 179 países, num consórcio com 800 cientistas em colaboração com a OMS – e publicado no jornal online eLife, citado pelo Financial Times.
Os homens mais altos são os holandeses: mediam 1,69 m, hoje chegam aos 1,82. Os mais baixos são os timorenses: em cem anos passaram dos 1,53 para os 1,59 m, um diferencial de apenas seis centímetros. Já as mulheres, cresceram mais na Letónia: passaram do 1,55 m para o 1,698 m, quase, quase no metro e setenta. As mais baixas são as guatemaltecas: do 1,40 m chegaram apenas ao 1,49 m.
Mary de Silva, outra das cientistas envolvidas na investigação, comentou ainda: “O mais estranho são as imensas diferenças que encontramos entre os países.” Mas aí os números falam por si, sobretudo se olharmos para algumas regiões da África Subsaariana, a mais pobre do planeta: na Serra Leoa, Uganda e Ruanda as pessoas são até 5 centímetros mais baixas do que há 40 anos, embora tenham crescido alguma coisa em cem anos.