O colectivo do Tribunal de São João Novo, Porto, dirigido pelo juiz William Themudo, condenou ainda Diamantino Gimenez, o luso-brasileiro de 51 anos, a pagar aos lesados indemnizações que ascenderiam a perto de 240 mil euros, mas que se reduzem a perto de 50 mil euros, uma vez que serão deduzidas as verbas já restituídas e as apreendidas ao arguido pela polícia.
Na avaliação do colectivo de juízes da 4ª Vara Criminal, ficou provado que o auto-intitulado “Mestre Dami” cometeu três dos quatro crimes de burla qualificada de que vinha acusado.
O advogado de defesa, Luís Vaz Teixeira, informou que vai recorrer do acórdão para a Relação do Porto, por considerar a pena aplicada “manifestamente injusta”.
Luís Vaz Teixeira também requereu que o arguido, actualmente em prisão preventiva, aguarde o resultado do recurso em liberdade, mas o colectivo de juízes decidiu só analisar a pretensão após obter uma posição do Ministério Público.
A acusação referia que o alegado parapsicólogo aproveitava a fragilidade emocional das pessoas-alvo: fazia-lhes crer que podia resolver os seus problemas através de determinados rituais, acabando por burlá-las em avultadas quantias.
Entre as vítimas contou-se uma repórter de televisão e uma economista, de quem partiu a queixa que desencadeou a investigação policial, a prisão preventiva do arguido e o subsequente processo-crime.
Num dos casos, em 2007, Gimenez fez crer à pessoa que o procurou que só se libertaria de uma “praga” que a afectava caso guardasse debaixo da cama, durante sete dias, um cofre fechado com 50 mil euros.
Desse montante global, 40 mil seriam fornecidos pela pessoa “amaldiçoada” – que teve de recorrer a empréstimo bancário – e 10 mil pelo próprio arguido.
No preciso momento em que a vítima cumpria a determinação do bruxo de fechar os olhos e rezar, o cofre foi trocado por outro exactamente com as mesmas características, mas onde havia larvas e não dinheiro.
Quando percebeu o logro, a vítima obteve de Gimenez a explicação de que as lavras teriam devorado as notas.