Serão mais de 15 dias de debates sobre o futuro do País – mas também pelo como e porquê se chegou as umas eleições antecipadas -, que começam este domingo, 2 de janeiro. Até aos primeiros dias da campanha eleitoral, nove forças partidárias, com assento no Parlamento, irão esgrimir argumentos em embates televisivos. O de dia 13 de janeiro, que irá opor António Costa e Rui Rio, é um dos mais aguardados.
Além do tom de cada um dos líderes políticos, a prestação de cada um também dependerá dos dados que forem lançados pelos moderadores das discussões; sendo que o secretário-geral do PCP só participará naquelas que se realizarem em canal aberto (três), a exemplo do que já aconteceu aquando das legislativas de 2019, como explicou à VISÃO fonte oficial do partido.
Eis o calendário dos 32 embates que aí vêm – entre os quais, dois em que todos estarão juntos – e até onde pode ir o termómetro em cada um deles, se os pontos quentes forem os seguintes:
2 de janeiro, domingo
PS / Livre
21h00 (RTP1)
Pontos quentes: Rui Tavares tem apontado críticas ao BE e PCP pela rutura da Gerigonça 2.0. Costa irá subscrever tais ataques aos seus antigos parceiros? Frente ao líder do PS, o fundador do Livre pode apresentar caderno de encargos para possível acordo de incidência parlamentar, se os socialistas ganharem sem maioria absoluta.
BE / Chega
22h45 (SIC Notícias)
Pontos quentes: Disputa pelo terceiro lugar nas eleições. A corrupção, eleita por Catarina Martins na sua mensagem de Ano Novo e um assunto caro ao presidente do Chega, marcará este debate. Risco de repetição do embate acalorado nas presidenciais, entre Marisa Matias e Ventura.
3 de janeiro, segunda-feira
PSD / Chega
21h00 (SIC)
Pontos quentes: Medidas mais disruptivas que Ventura defende e sobre as quais Rio recusa assinar por baixo – castração química para pedófilos, prisão perpétua e cortes nos apoios sociais. Eventual apoio do Chega a um Executivo PSD.
4 de janeiro, terça-feira
BE / Livre
18h00 (SIC Notícias)
Pontos quentes: Apesar de o BE ter corrido coligado com o Livre em Oeiras e a hora do debate também deixar implícito o quão remota é a possibilidade de ser um debate acalorado, Catarina Martins pode sentir-se acossada se Tavares insistir que o BE contribuiu para o fim da Gerigonça.
PS / PCP
21h00 (TVI)
Pontos quentes: Fim do apoio de incidência parlamentar dos comunistas ao PS e a recusa do líder socialista quanto às propostas mais emblemáticas do PCP na proposta orçamental de 2022. Este é um dos três debates nos canais abertos em que participará Jerónimo de Sousa – que tem acusado Costa, nos últimos dias, de deixar cada vez mais claro que sempre quis eleições antecipadas.
CDS / PAN
22h00 (RTP3)
Pontos quentes: Visões opostas sobre os direitos dos animais e o uso dos animais na atividade agrícola e taurina podem aquecer o debate, já que o PAN é olhado com muita desconfiança pelo CDS pela sua ajuda agenda “animalista” e por quase ter ultrapassado os centristas nas legislativas de 2019.
5 de janeiro, quarta-feira
CDS / IL
18h15 (RTP3)
Pontos quentes: Os temas de fundo separam os dois partidos – de forma diametralmente opostas. Mas debate pode aquecer se em cima da mesa for colocada relação tensa entre Francisco Rodrigues dos Santos e Cotrim de Figueiredo – o líder do CDS desconsiderou a IL no seu vídeo de Natal, ao chamá-la de “prima moderninha”.
PSD / BE
21h00 (SIC)
Pontos quentes: A gestão de Passos e a Troika ainda continua a ser acenada por Catarina Martins quando debate com Rui Rio, para apontar o risco de um regresso do PSD ao poder. Mas as críticas à governação socialista, com apoio dos bloquistas, poderá ser o contraponto do tom de Rio.
Chega / Livre
22h00 (CNN)
Pontos quentes: Justiça e os apoios sociais, perante o facto de os programas dos dois partidos para estas áreas serem como a água e azeite. Há uma dúvida: capacidade de Rui Tavares em manter a habitual calma frente ao tom de André Ventura.
6 de janeiro, quinta-feira
PS / Chega
21h00 (RTP1)
Pontos quentes: Gestão socialista, principalmente durante a pandemia, e a Justiça poderão replicar de forma aumentada os debates acalorados, de um minuto, no Parlamento, em que Costa leva sempre a melhor.
BE / IL
22h00 (SIC Notícias)
Pontos quentes: A concepção do Estado Social e a participação ou controlo da economia pelo Estado, já que a agenda liberal quantos aos costumes não divide.
7 de janeiro, sexta-feira
IL / PAN
18h10 (SIC Notícias)
Pontos quentes: PAN foi o partidos que mais votou favoravelmente diplomas do Governo. Reforma do SEF. Direitos dos animais de produção agrícola.
PSD / CDS
21h00 (TVI)
Pontos quentes: Recusa de Rui Rio em avançar para as legislativas em conjunto o CDS, desconsiderando a dimensão dos votos centristas. As acusações de “Chicão” ao PSD de estar a preparar-se para um Bloco Central com o PS.
8 de janeiro, sábado
PSD / Livre
20h40 (RTP1)
Pontos quentes: Modelo de desenvolvimento para o País, por ser díspar. Dimensão dos salários e apoios do Estado na transição energética – principalmente na reabilitação do edificado.
PS / PAN
21h05 (TVI)
Pontos quentes: A agenda reivindicativa do PAN, em relação à proteção animal – como o fim das touradas – e de aceleramento da transição energética.
9 de janeiro, domingo
PS / CDS
20h45 (SIC)
Pontos quentes: A permanência de Eduardo Cabrita tanto tempo na Administração Interna – uma área governativa tão estimada pelo CDS – e a gestão da pandemia, principalmente os apoios às empresas. Por outro lado, o peso político atual do CDS e a herança que deixou na área da Segurança Social e da Habitação podem deixar Costa na sua praia.
IL / Chega
22h00 (RTP3)
Pontos quentes: Agenda liberal dos costumes, entre onde se inclui o tema da eutanásia. Futuro contributo para um Governo de direita, já que nos Açores Iniciativa deixou claro que não entraria numa solução executiva com o partido de Ventura.
PAN / Livre
23h00 (SIC Notícias)
Pontos quentes: O posicionamento de cada um face a um Executivo de direita, já que o PAN não rejeita um eventual apoio, e a agenda verde. A dicotomia esquerda/direita e as questão dos direitos “animalistas”, que o Livre não destaca na sua agenda.
10 de janeiro, segunda-feira
BE / PAN
18h00 (RTP3)
Pontos quentes: Chumbo do orçamento do Estado. Disponibilidade para entrada num Executivo socialista. Gestão da Segurança Social e do SNS – temas de que o PAN evita falar e que Catarina Martins já tinha esgrimido contra o então líder daquela partido, André Silva.
PSD / IL
21h00 (SIC)
Pontos quentes: Bloco Central. Intervenção do Estado na economia, e o apoio do Plano de Recuperação e Resiliência às empresas. Políticas de combate à pandemia. Mexidas nos impostos, principalmente do IRC.
CDS / Livre
22h00 (CNN)
Pontos quentes: Herança de Cristas na área da habitação – área cara ao Livre. Transição energética.
11 de janeiro, terça-feira
PS / BE
20h20 (RTP1)
Pontos quentes: Chumbo da proposta orçamental. Fim da Gerigonça nas legislativas de 2019. Leis laborais.
12 de janeiro, quarta-feira
CDS / Chega
18h30 (CNN)
Pontos quentes: Representatividade da Direita. Prisão perpétua e castração de pedófilos, defendidos pelo Chega, e o Estado securitário, desde sempre um tema caro ao CDS. Um futuro Executivo do PSD.
PSD / PCP
21h00 (SIC)
Pontos quentes: Bloco Central, as políticas de Justiça, o derrube do Governo de Passos Coelho e as leis laborais. [Sendo este um debate num canal generalista, Jerónimo de Sousa enfrentaria Rui Rio, mas, com a cirurgia de urgência à carótida, o líder do PCP será substituído pelo líder parlamentar, João Oliveira].
IL / Livre
22h00 (SIC Notícias)
Pontos quentes: Prioridades do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, gestão do mercado habitacional, leis laborais e mexida nos impostos sobre os lucros das empresas.
13 de janeiro, quinta-feira
PSD / PS
20h30 (transmissão de cerca de 1h15, na RTP1, SIC e TVI)
Pontos quentes: António Costa e Rui Rio chegam a este frente a frente já com alguns embates como ensaio, contra os representantes de outras forças políticas. É expectável que Costa venha a manter o tom grave em que tem vindo a apostar e duas frentes argumentativas: por um lado, o PS não quis eleições e foi a esquerda que atirou o País para uma crise política; por outro, o PSD não pode ser alternativa de poder, porque poderá repor a agenda de Passos Coelho, desta feita apoiada por partidos como o Chega. Já Rio, poderá repescar a atitude mais confrontadora, que usou no frente a frente com Costa em setembro de 2019. Como temas que possam agitar o debate estarão o acordo entre PS e PSD para uma legislatura e eventual Bloco Central – uma coisa tem sido um e outro falarem na praça pública sobre o assunto, outra é estarem cara a cara -, a gestão da Administração Interna por Eduardo Cabrita, o plano de revitalização da TAP, as verbas da “bazuca” destinadas à economia e a lentidão na Justiça – a par dos mega processos e independência da magistratura face ao poder político.
14 de janeiro, sexta-feira
PAN / Chega
18h00 (SIC Notícias)
Pontos quentes: Corrupção, setor privado da Saúde vs SNS, igualdade de género e questões relativas às minorias sexuais – entre elas, as dos cidadãos transexuais – e agricultura. À exceção das touradas – André Ventura garantiu ao setor que as defenderá sempre -, os direitos dos animais de companhia é comum à extrema direita e ao PAN, por isso não agitará o debate.
PS / IL
21h00 (TVI)
Pontos quentes: Impostos sobre as empresas, as leis laborais e a gestão da pandemia – a ter em conta aquilo que têm sido os temas que mais agitam as discussões entre António Costa e Cotrim Figueiredo nos debates parlamentares. Bloco Central ou um futuro Executivo socialista que possa juntar o PS ao PAN e à IL podem arrancar declarações inesperadas.
BE / CDS
22h00 (RTP3)
Pontos quentes: A gestão socialista, com apoio do BE até meados de 2020; as políticas de habitação de Assunção Cristas, que o Governo PS nunca alterou e apenas suspendeu algumas; as leis laborais; e as questões sobre os direitos de mulheres e minorias sexuais. Qualquer tema é suficiente para aguentar o debate do princípio ao fim, já que são todos separadores de águas entre bloquistas e centristas – com o benefício de Catarina Martins não ter em Francisco Rodrigues dos Santos o mesmo tom de André Ventura (em princípio).
15 de janeiro, sábado
PSD / PAN
20h50 (RTP1)
Pontos quentes: Alterações ao Código do Trabalho, reposição das regras de indemnizações por despedimento pré-troika e 35 horas de trabalho semanal, por um lado; políticas agrícolas e direitos dos animais para consumo, por outro; podem ser um divisor de águas. Disponibilidade de PSD e PAN para um eventual Governo de centro-direita.
17 de janeiro, segunda-feira
PS, PSD, BE, PCP, CDS, PAN, Chega, IL e Livre
21h00 (RTP1/RTP3)
Pontos quentes: Bloco Central ou soluções à esquerda e à direita poderão ser um divisor de águas e permitir perceber quem estará com quem.
18 de janeiro, terça-feira
Partidos sem representação parlamentar
(RTP1/RTP3)
Partidos: Aliança, ADN, Ergue-te, JPP, MAS, MPT, Nós Cidadãos, PCTP-MRPP, PTP, PPM, RIR e Volt.
20 de janeiro, segunda-feira
PS, PSD, BE, PCP, CDS, PAN, Chega, IL e Livre
09h00 (Antena 1, RR e TSF)