Pedro Nuno Santos apontou as baterias a Luís Montenegro, no último discurso desta campanha eleitoral, acusando o presidente do PSD de não ter capacidade para responder aos problemas do País. No Pavilhão Cidade de Almada, que se encheu (menos as bancadas), o socialista aproveitou o facto de a caravana da AD ter cancelado a arruada no Chiado, que estava prevista para esta sexta-feira, devido à forte chuva e rumado à Praça de Touros do Campo Pequeno, para defender que a direita “foge de apertos”.
“Só nós não alteramos o nosso planos; não temos medo da chuva. Sabemos que sempre que chove, a direita se esconde. Não precisamos de partidos, nem de líderes políticos, que se escondem da chuva. Precisamos é de partidos, e de homens e mulheres, que enfrentam a chuva pelo nosso povo. Não nos escondemos; ficamos do início ao fim”, disse Pedro Nuno, com a voz quase rouca, vindo de um arruada no centro da capital, onde o desfile foi atingido pela chuva.
“Quando há um aperto, sabemos como a direita lida com ela. O PS é completamente diferente. Já a direita: quando há uma crise, sabemos onde vão primeiro”, apontou, numa intervenção que não chegou aos 20 minutos e que foi fechada, por Pedro Nuno, de forma insólita – pediu aos presentes que aguardassem após o seu discurso, porque tinha de ir dar declarações aos canais de televisão.
De acordo com o socialista, o governo PS esteve “sempre ao lado” dos portugueses nos piores momentos, nos últimos oito anos (“foi assim com a pandemia; foi assim também com a inflação”), frisando que a receita aplicada nesses momentos não foi a que a direita aplicaria. “Sabemos que não é comprimir salários, a comprimir pensões, que se ultrapassam as crises; é, ao contrário – é proteger rendimentos, é proteger salários, é proteger pensões, é proteger as pessoas”, apontou.
Pedro Nuno disse que “foi preciso chegar à campanha de rua”, para Montenegro “começar a revelar a verdadeira face” da AD e a falta de concertação dentro da coligação de direita, entre os seus dirigentes – destacando as declarações do centrista Paulo Núncio, quarto na lista por Lisboa, sobre a interrupção da gravidez, ou Eduardo Oliveira e Sousa, ex-presidente da CAP e cabeça de lista por Santarém, que rejeitou a existência de alterações climáticas. “Tivéssemos nesta candidatura 10% destes casos e casinhos, desta falta de harmonia e coesão, e éramos arrasados”, ironizou, focando o seu apelo, mais do que nos indecisos, nos reformados e nas mulheres.
Ana Catarina põe Marcelo na mira por “entrar na campanha”
Ana Catarina Mendes, cabeça de lista socialista no círculo de Setúbal, criticou Marcelo Rebelo de Sousa, que veio dizer ao Expresso, que não aceitará a substituição de Luís Montenegro por outra figura do PSD, caso a AD vença as eleições e haja planos para o Chega entrar num governo de direita. na sua intervenção.
Para a dirigente, que é ministra adjunta, “não é aceitável” que o Chefe de Estado entre na campanha – não sinalizando se se estava a referir às declarações proferidas ao semanário ou à comunicação que Marcelo já anunciou que amanhã fará ao País.
“O PS não queria estas eleições; o PS não merecia estas eleições. O presidente da República decidiu que havia eleições, e aqui estamos“, começou por dizer Ana Catarina, para lançar a questão – “porque decide o presidente da República entrar em campanha, no último dia de campanha?”. “Em democracia não é aceitável”, apontou, para depois criticar as declarações de Manuela Ferreira Leite, ex-presidente do PSD.
“Aquela que pediu que suspendêssemos a democracia disse que para o PS foi uma benesse o Covid-19. É de uma insensibilidade social que não podemos admitir. A insensibilidade social já lhe conhecíamos [a Ferreira Leite]… A pandemia não foi uma benesse; foi dura para os portugueses, para os autarcas, foi difícil para o governo que tinha de inventar todos os dias respostas sociais”, concluiu.