Rui Rio colheu a noite eleitoral que foi semeando. Ao longo das últimas semanas, o líder do PSD empurrou o crescimento eleitoral para 2025, antecipou a sua possível saída, foi recordando o desaire eleitoral de 2017 (o pior em Autárquicas do partido) e saiu por cima de uma fasquia que foi baixando. “O PSD teve um excelente resultado”, que incluiu a vitória na capital, analisou, a partir do número 9 da Rua São Caetano, na Lapa, Lisboa, já eram quase 2:00. E, embora se tenha recusado a falar sobre se tenciona ou não continuar à frente do partido, os seus festejos só podem desanimar quem já se posicionava no terreno para o substituir.
Manteve-se longe dos olhares dos jornalistas toda a noite e só desceu à sala de onde discursou para o País já seguro de que ultrapassara as cem câmaras. Rui Rio enunciou que tinha como objetivo aumentar, face a 2017, o número de votos, eleger mais presidentes de Câmara e reduzir a diferença para o PS e “este resultado conseguiu tudo isto”, sublinhou.
Por esta altura, os sociais democratas tinham conquistado 31 novos autarcas e perdido 15 e gabavam-se de ter retirado ao Partido Socialista as Câmaras de Coimbra, Portalegre e do Funchal e do crescimento no Porto. Faltava Lisboa, que chegou poucos minutos depois, na altura em que Rio respondia a perguntas dos jornalistas. E trouxe à sala os primeiro gritos de vitória.
“Não fiquei admirado”, diria depois o líder social democrata, que fez das sondagens o seu principal alvo, esta noite. “Conseguimos isto tudo contra as sondagens, contra alguns comentadores”, disse, sugerindo que “ou acabamos com as sondagens ou fazemos sondagens decentes”. Recorde-se que todos os estudos de opinião davam Carlos Moedas como vencido e a pelo menos dez pontos percentuais de Fernando Medina (PS e Livre).
Por confirmar ficou se Rui Rio se recandidata ou não à liderança do PSD – pergunta a que recusou responder, argumentando que o tema hoje são as Autárquicas e não o futuro do partido. Todavia, quebrou a sua própria regra para falar das Legislativas de 2023 – “Conseguimos mais implantação e conseguimos um PSD mais forte, o que dá para deduzir facilmente que estamos em muito melhores condições de ganhar as eleições em 2023”, afirmou antes de sair da Lapa, em direção ao Marquês de Pombal, ao hotel Sana, para abraçar Carlos Moedas – a surpresa da noite eleitoral.