Encerramento temporário da urgência de pediatria do Hospital Garcia de Orta; encerramento definitivo das urgências de obstetrícia na Unidade Local de Saúde Arco Ribeirinho; encerramento ou concentração de serviços nos hospitais de Nossa Senhora do Rosáriodo (Barreiro) e Amadora/Sintra, além do Beatriz Ângelo, do Francisco Xavier e do São Bernardo; 36 horas de espera em serviços de urgência no Amadora/Sintra e a saída de 13 cirurgiões da unidade; 800 mil cidadãos sem médico de família.
Estes são algumas dos casos mais graves identificados pelos presidentes das câmaras socialistas da AML, que se reuniram, juntamente com os presidentes das federações do PS da área urbana de Lisboa, Carla Tavares, e do distrito de Setúbal, André Pinotes Batista, para debater como a crise na Saúde está a afetar a região.
Numa declaração conjunta, os socialistas garantem que se agravaram “os problemas existentes e aparecem novos problemas no SNS, dificultando, de forma séria, o acesso aos cuidados de saúde a todos os seus utentes e colocando em causa o direito à proteção da saúde, consagrado na Constituição da República Portuguesa”.
Apelidando a situação de “desordem”, garantem que “as unidades hospitalares, ao não corresponderem à demanda prevista, sobrecarregam todos os centros de saúde, que, por sua vez, não têm capacidade de resposta instalada para fazer face a estas decorrências, limitando gravemente o acesso a todos os cidadãos que recorrem ao SNS”. Uma situação que, acrescentam, pode ainda piorar com a entrada de privados e o objetivo definido pelo Governo de voltar a transferir a gestão hospitalar para as Misericórdias.
“A política de saúde do Governo tem prejudicado o direito ao acesso a cuidados de saúde por parte dos cidadãos na AML. É manifestamente evidente o objetivo de desvirtuar o SNS do seu espírito fundacional e escancarar as suas portas à entrada de privados sem que se conheçam os critérios e estudos de suporte às várias decisões da tutela, nem se verificando a garantia de que as referidas parcerias reforcem o SNS, ao invés de delapidar a prestação de serviços de saúde às comunidades.”
Os presidentes de câmara e representantes das federações evocam ainda declarações de dirigentes e autarcas do PSD a exigir a demissão da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, se não forem tomadas medidas e pedem que “seja reconsiderada toda a estratégia do Governo na política de saúde, com o objetivo de garantir o reforço do SNS e garantir o direito à proteção da saúde”.
As dez câmaras socialistas que estiveram representadas na reunião são Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Loures, Moita, Montijo, Odivelas, Sintra e Vila Franca de Xira.