Pedro Nuno Santos foi buscar o acordo de incidência parlamentar que o PSD assinou com Iniciativa Liberal (IL) e com o Chega nos Açores em 2020 para mostrar como será a retórica do candidato a primeiro-ministro socialista, mesmo antes do duelo eleitoral interno que travará com José Luís Carneiro, dentro de um mês. A estratégia para as próximas legislativas foi rebuscada das anteriores – colar o PSD ao Chega -, mas, desta vez, o candidato não se atreve a pedir uma maioria absoluta, na ressaca da operação Influencer. Pedro Nuno Santos ficou-se pelo “melhor resultado possível”, em entrevista à SIC, nesta noite de segunda-feira, poucas horas depois de ter apresentado a sua candidatura à liderança do PS, no Largo do Rato, de onde saiu com a confiança reforçada.
O deputado e ex-ministro das Infraestruturas tem consigo a máquina partidária e, apesar de garantir que vai a votos dentro do PS “com muito respeito e humildade”, o seu discurso já é para fora, tem uma dimensão nacional. Trouxe prioridades na manga – os salários, pensões, a crise da habitação e a necessidade de valorizar o interior – e elegeu como seu verdadeiro adversário o líder do PSD, Luís Montenegro, que acusa de não conseguir descolar-se do partido de André Ventura.
E se conseguisse? Para Pedro Nuno Santos, só a ideia de os socias democratas darem a mão à IL “não dá para ignorar”. “O projeto do PSD com a IL já é suficientemente radical para nos preocupar. Um eventual governo do PSD com a IL seria mais à direita que o de Passos Coelho – e é evidente que isso traz consequências para a governação”, atacou Pedro Nuno Santos, que, no entanto, se recusou a traçar cenários sobre uma reedição da “Gerigonça”.
“O PS vai a eleições sozinho e vai bater-se pelo melhor resultado possível”: é o que adianta, acrescentando, no entanto, que “consoante o arranjo parlamentar logo faremos conversações”.
O deputado socialista é provavelmente o nome menos surpreendente da corrida no PS. Há cinco anos – desde o Congresso de 2018 – que a sua candidatura é discutida. Na SIC, Pedro Nuno Santos afirmou que “estava muito longe de desejar que fosse agora” e que “este obviamente não é o momento ideal para qualquer candidato do PS”, todavia, está determinado a não deixar que o processo contamine as hipóteses do partido nas Legislativas, a 10 de março. “O PS não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial. O nosso dever é preparar uma política para o país”, dizia, ao final da tarde, na sede nacional do partido, perante uma multidão desejosa de o ver avançar.
Entre os seus apoiantes estavam o presidente do Conselho Económico e Social, Francisco Assis, o ministro da Educação, João Costa, o ex-ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, o ex-secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, deputados, presidentes de distritais, autarcas, sindicalistas, a representante das mulheres socialistas, Elza Pais, e o presidente da Juventude Socialista, Miguel Costa Matos.