Todos os olhos estavam voltados para a segunda parte da reunião do Conselho de Estado, cuja segunda parte ficou agendada para 5 de setembro, depois do primeiro, em Julho, ter terminado antecipadamente.
Na agenda estava a “análise da situação política”. Mas o caso do dia foi o facto de o Primeiro-Ministro, sendo-lhe dada a palavra, não querer falar – nem no início, nem depois da intervenção do Presidente da República, nem no fim.
O ambiente durante as duas horas e meia do encontro foi de tensão latente entre António Costa e Marcelo de Rebelo de Sousa, apurou a VISÃO. Uma crispação indisfarçável.
O que estava na agenda da reunião do órgão consultivo do Chefe de Estado, onde os socialistas estão em franca minoria, era que o primeiro-ministro abriria o evento com uma declaração, mas ela acabou por não acontecer. Algo que surpreendeu os conselheiros de Estado, que esperavam ver António Costa rebater os argumentos esgrimidos pelos conselheiros de estado ou, pelo menos, apresentar a sua visão perante as duras críticas de que o seu Governo foi alvo.
Durante o dia de hoje, em mensagem destinada ao Presidente, António Costa disse que “para que o Estado funcione bem, cada um deve estar no seu próprio galho e fazer aquilo que lhe compete”. “Ser primeiro-ministro é diferente de ser líder da oposição ou de outros órgãos. A função de um primeiro-ministro não é comentador, mas sim fazedor. Cumpre-nos executar, identificar problemas”, afirmou.
O discurso do Presidente, que já estaria escrito em antecipação do encontro, sobre a situação política centrou-se numa análise do anterior Conselho de Estado. Foi sobretudo “analítico e equilibrado, num tom com reparos e elogios, que não foi de confronto nem demasiado crítico. Nada a ver com o discurso sobre Galamba”, diz fonte da VISÃO.
O comunicado do Presidente da República, de três curtos parágrafos, apresentado à comunicação social no final do encontro, limita-se a dar uma nota geral:
“O Conselho de Estado, reunido sob a presidência de Sua Excelência o Presidente da República, hoje, dia 5 de setembro de 2023, no Palácio de Belém, teve como temas centrais a análise da situação política, económica e social, para conclusão da Reunião do Conselho de Estado de 21 de julho passado, e a Ucrânia.
Foi concluída a análise da situação política, económica e social.
Quanto ao tema Ucrânia, foi reafirmada a solidariedade e a admiração pela resistência do povo ucraniano e reconhecido todo o apoio que Portugal – com plena concordância entre os órgãos políticos de soberania – tem prestado, nas suas múltiplas dimensões, nomeadamente política, diplomática, militar e humanitária. Foi, ainda, assinalado o compromisso de Portugal no processo de integração da Ucrânia na União Europeia e na NATO”, lê-se na nota.