“Colinho dá a mãe em casa”, disse, em junho, Gouveia e Melo, quando, a pedido do presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta, se dirigiu a um centro de vacinação em Monte Abraão para por ordem na casa. Quando percebeu o porquê de haver tanta demora na vacinação contra a covid-19 nesse centro, o vice-almirante referiu que “quando a pessoa chega à cabine de vacinação é para ser inoculada e sair, não é para estar a conversar, a tirar dúvidas, isso tem de ser feito antes”.
“Há quem diga que fiz 31 dias num submarino porque era ambicioso. Ninguém quer sofrer 31 dias por ser ambicioso, eu pelo menos não. Havia uma meta, eu tinha de a ultrapassar“. Numa entrevista ao Nascer do Sol, no fim de junho, o vice-almirante falou sobre o seu percurso na Marinha e sobre o facto de muitas pessoas nunca terem conseguido perceber o que o motivava.
“Nos exercícios da NATO ataco os ingleses, porque lhes quero tirar o snobismo. Não gosto de snobes”, referiu na mesma entrevista, assumindo o seu lado competitivo.
Como povo, temos coisas fantásticas, mas, ao nível organizativo, acreditamos muito no improviso”, referiu na mesma entrevista, relativamente à forma como o plano de vacinação estava a decorrer antes da sua entrada como coordenador da task force.
“O negacionismo e obscurantismo é que são os verdadeiros assassinos”, atirou, em resposta aos manifestantes anti-vacinas que o receberam no Centro de Vacinação de Odivelas, onde estavam a ser vacinados jovens de 16 e 17 anos contra a Covid-19. “A vacinação é um ato voluntário. Ninguém obriga ninguém a ser vacinado. Mas já se percebeu o que é que mata, não é a vacina. É o vírus”, acrescentou.
“Apelo aos jovens para voltarem a comparecer ao processo de vacinação porque a vacina é o elemento mais seguro para passarmos esta fase pandémica”, afirmou Gouveia e Melo, a 14 de agosto, no mesmo centro de vacinação de Odivelas.
“Não se consegue fazer um processo de vacinação que ande atrás das férias dos portugueses”, defendeu, em entrevista à SIC, em meados de agosto, relativamente à vacinação das crianças entre os 12 e os 15 anos, acrescentando que não seria possível fazê-lo fora da área de residência.
“Gostamos de pessoas transparente e que cumprem regras, qualquer alteração às prioridades era grave e irritava-me”, disse na mesma entrevista, sobre os casos de vacinação indevida.
“Uso camuflado porque para mim isto é uma guerra”, afirmou Gouveia e Melo em entrevista à TVI, referindo que estava numa função crítica e que nunca nenhum conflito como este, com um combatente que é um vírus e não uma pessoa, prejudicou tanto a economia portuguesa e matou tanto em tão pouco tempo.
“Enquanto militar, tinha acesso à vacina e recusei esse acesso”, explicou o vice-almirante na mesma entrevista, explicando que podia ter sido inoculado logo no início da campanha mas, devido à escassez de vacinas, decidiu adiar mais do que uma vez.
“Não podemos deixar pessoas que vivem em território nacional sem vacinação. Não podemos ser egoístas”, declarou Gouveia e Melo, relativamente à vacinaação de imigrantes. “Essas pessoas sem vacinação vão atacar a própria comunidade porque são propagadoras de vírus”, acrescentou ainda.
“Qualquer ser que apareça como salvador da pátria é mau para a Democracia. A Democracia salva-se em conjunto. Não é uma personagem que salva a Democracia. Isso cheira a outra coisa. Eu não quero ser essa pessoa”, afirmou Gouveia e Melo em declarações aos jornalistas, esta quarta-feira, quando foi questionado se alguma vez pensou, durante este processo, “abdicar do seu camuflado e vestir um fato de um cargo político”. Em entrevista à SIC este mês, já tinha referido que pretendia acabar a sua vida “como militar”, como tinha sido até então.