Rui Rio vs. Luís Montenegro. Conforme ambas as candidaturas previam, o duelo está marcado para o próximo sábado. O presidente do PSD venceu este sábado a primeira volta das diretas do partido e ficou a uma unha negra – 0,56% – da reeleição. Segundo os resultados divulgados pelo presidente do Conselho de Jurisdição Nacional, José Nunes Liberato, Rio obteve 49,44% das preferênias dos militantes sociais-democratas, ao passo que Montenegro conseguiu 41,26%. Miguel Pinto Luz, o outsider desta contenda, registou 9,3% dos votos.
Os números, refira-se, não incluíram os resultados da Madeira, devido a um diferendo entre a direção nacional e a direção regional da Madeira, o que acabou por ditar um pedido de impugnação do sufrágio.
Numa noite que foi mais longa do que se previa, os semblantes de Rio e Montenegro – e das respetivas entourages – era bem díspares.
O líder em funções apareceu bem disposto, otimista e disponível para responder a tudo, ao passo que o principal oponente procurou disfarçar a crueza dos números, que não se afiguram fáceis de inverter no próximo sábado, 18, e acabou por fazer apenas uma declaração sem direito a questões dos jornalistas.
Montenegro, que até esteve na frente dos resultados provisórios, acabou por garantir in extremis a ida a uma inédita segunda volta na história do PSD. Vai para a disputa, porém, de calculadora na mão, ao passo que Rio se mostrou bastante convicto das várias hipóteses que a matemática lhe confere.
“Fiquei a 0,56% da maioria”, afirmou o líder “laranja”, criticando uma revista que lhe colocou o rótulo de “perdedor”. Disse-o de sorriso na cara, ainda antes de sublinhar que, com as regras antigas, o assunto teria ficado fechado esta noite. Faltaram “poucochinhos” votos, gracejou.
No Porto, da mesma forma que agradeceu aos portugueses – e não só aos militantes -, Rio não guardou os recados. Garantiu que ninguém votou em si em busca de “lugares para si ou para o amigo” ou por “interesses pessoais”, enfatizou o voto livre dos que o apoiaram e insistiu na estratégia de oposição construtiva, assente num partido aberto à sociedade civil. E mais: não se desvia um milímetro da ideia de que é “ao centro” que o PSD deve estar.
Antes dele, Montenegro, em Lisboa, destacara que a maior parte dos militantes preferiram a mudança à continuidade, uma vez que ele próprio e Pinto Luz somaram mais 466 votos que o principal oponente. E fez logo a ponte para os apoiantes do vice-presidente da Câmara de Cascais. “Deu um contributo muito positivo para esta eleição, pela sua qualidade política, pela suas ideias, pela sua participação neste debate. Se eu for eu for eleito presidente do PSD contarei com ele para os desafios políticos e partidários que teremos de enfrentar.”
Além disso, o antigo líder parlamentar assegurou que fará da “unidade” um dos vetores da sua presidência, incluindo nas listas para as várias eleições gente próxima de Rio e também de Pinto Luz, mas separou as águas acerca da estratégia a seguir para derrotar o PS de António Costa. “Esta semana de campanha servirá para que os militantes do PSD escolham entre a estratégia de oposição firme que defendo como ponto de partida para construirmos uma alternativa forte, credível e mobilizadora no País face ao PS ou prosseguimento da estratégia de subalternidade que tivemos com a atual liderança”, disparou.
Ciente de que parte em desvantagem, Montenegro desafiou Rio para um debate televisivo, mas ficou a falar sozinho. O argumento, de resto, estava mesmo à mão de semear para o presidente do PSD: “Participei num debate e acho que não foi prestigiante para o PSD. Um debate para uma eleição interna corre sempre o risco de acontecer aquilo.”
Quanto a Pinto Luz, alcançou um resultado que pode ser lido pela ótica do copo meio cheio e também meio vazio. É certo que triunfou em Lisboa e na Madeira e que marcou terreno para disputas futuras, mas não chegou aos dois dígitos nem a diferença entre Rio e Montenegro foi suficientemente curta para que a sua falange de apoio seja absolutamente determinante. Ainda assim, o autarca cascalense frisou que a sua candidatura marcou “a diferença pelas ideias”, pelo “reformismo” e “pelo inconformismo permanente”.
Saiu de cena esta semana, assumindo “humildemente” a derrota, mas deu sinais de que vai andar por aí. Segundo vincou, porque “a alternativa ao modelo socialista estatizante” é o PSD. E a sua candidatura foi “a fiel depositária” dos “valores reformistas e de mudança” para Portugal. O ticket para confrontos futuros ninguém lho tira.
O segundo assalto das diretas do PSD segue dentro de momentos.