“O ministro Schäuble é uma andorinha que não faz a primavera… E que, felizmente, não marca o tom da relação que temos com as instituições europeias”. Uma pequena farpa do primeiro-ministro António Costa, ao ministro das Finanças alemão, numa importante entrevista publicada, esta semana, na edição em papel da revista VISÃO. Para Costa, que tem uma relação antiga de confiança com Schäuble, desde o tempo em que ambos eram ministros da Administração Interna e do Interior dos respetivos países, as opiniões mais recentes sobre o desempenho do Governo português “não correspondem às posições das instituições europeias nem, sequer, do próprio Governo alemão”.
Esta entrevista exclusiva vem a propósito do 1.º aniversário da tomada de posse do Governo, cumprido no próximo sábado, 26. Entre outros temas de atualidade, Costa refere-se ao funcionamento da chamada «geringonça» e da perceção que, na Europa, existe sobre a solução governativa encontrada em Portugal: “O PCP não teve de passar a ser adepto do euro, nem o Bloco teve de passar a ser adepto do Tratado Orçamental, nem o PS teve de deixar de ser o campeão da integração europeia… Nenhum de nós tem de engolir sapos”, refere, a propósito. Mais, afirma que, “na Europa, as relações pessoais são importantes, mas o decisivo são os resultados.”
Sobre a relação com os dois presidentes com quem trabalhou, Costa diz que “não temos nada a apontar nem ao prof. Cavaco nem ao prof. Marcelo”. Já sobre a Caixa Geral de Depósitos, nega qualquer acordo que dispense os administradores de apresentarem as declarações de rendimentos e património no tribunal Constitucional: “O acordo com a administração da Caixa é o que está transposto para a lei que foi aprovada”, afirma. E remata, em jeito de balanço: “Governar é como conduzir: se há mais trânsito, tiramos o pé do acelerador. Se há menos, carregamos um pouco mais no pedal.”