Kamala Harris aceitou esta madrugada a nomeação do partido democrata para as presidenciais de novembro. No último dia da Convenção Nacional Democrata, a atual vice-presidente da Casa Branca fez um discurso histórico onde prometeu ser uma “presidente para todos os americanos”. “Vou ser uma presidente que nos une em torno das nossas mais elevadas aspirações”, prometeu. “Uma presidente que lidera e que ouve. Que é realista, prática e tem senso comum. E que luta sempre pelo povo americano, do tribunal até à Casa Branca. Esse tem sido o trabalho da minha vida”, acrescentou.
A sua nomeação surge um mês depois da desistência do atual Presidente dos Estados Unidos da corrida eleitoral, Joe Biden, de 81 anos. Em pouco tempo Kamala Harris conquistou elevado número de apoios para a campanha, incluindo milhões de dólares – segundo a agência de notícias Reuters – e o apoio de grandes figuras norte-americanas, como Oprah e Obama. Ao lado de Kamala Harris está Tim Waltz, o escolhido para ocupar o cargo de vice-presidente. O democrata e governador do Minnesota, aceitou a nomeação para o cargo na terceira noite da Convenção.
No primeiro discurso enquanto candidata oficial às eleições marcadas para novembro deste ano, Harris referiu-se a estas eleições como uma “uma oportunidade preciosa e fugaz de ultrapassar a amargura, cinismo e batalhas divisórias do passado”. “Sei que há pessoas com várias visões políticas a assistirem esta noite”, disse referindo-se ao público presente na Union Center, na cidade de Chicago, onde decorreu a Convenção Democrata. “E quero que saibam isto: prometo ser uma presidente para todos os americanos”, continuou.
A sua intervenção ficou marcada pela exposição de episódios da vida pessoal e do seu percurso profissional, ao contar histórias da sua infância e procurar associar o percurso dos seus pais, imigrantes, aos ideais americanos. “América, o caminho que me trouxe aqui nas últimas semanas foi, sem dúvida, inesperado. Mas eu não sou estranha a jornadas inesperadas”, relatou. Filha de pai jamaicano e mãe indiana, Kamala Harris explicou aos presentes como é que a sua mãe emigrou para a Califórnia com apenas 19 com o sonho de ser cientista e como cresceu, junto dos irmãos, em apartamentos arrendados porque não tinham dinheiro para comprar uma casa. “Vivíamos num bonito bairro da classe trabalhadora com bombeiros, enfermeiros e trabalhadores da construção civil, onde todos cuidavam com orgulho dos seus relvados”, descreveu.
Harris procurou mostrar as similaridades da sua história com a de milhões de norte-americanos que vivem em condições semelhantes às que cresceu. “Sabemos que uma classe média forte sempre foi crítica para o sucesso da América. E que construir a classe média vai ser um objetivo definidor da minha presidência”, prometeu. “Isto é pessoal, para mim. A classe média é de onde eu venho”, defendeu.
A guerra da Ucrânia e o conflito em Gaza
Kamala Harris, ex-procuradora da Califórnia, dedicou ainda parte da sua intervenção na Convenção Democrata à enumeração de medidas concretas que tomará caso chegue à liderança da Casa Branca, especialmente na adoção de políticas externas que prometem encerrar o conflito de Gaza e continuar a defender a Ucrânia.
A candidata democrata prometeu apoiar os aliados e membros da NATO bem como garantir que os Estados Unidos têm o maior poder militar do mundo. “Como presidente, vou defender a Ucrânia e os nossos aliados da NATO”, referiu a democrata. A vice-presidente criticou ainda o adversário Trump e as suas políticas enquanto chefe de estado, lembrando que o mesmo ameaçou abandonar a Organização do Tratado do Atlântico Norte. “Como comandante suprema, vou garantir que a América tem sempre a maior e mais letal força de combate do mundo e vou cumprir a nossa obrigação sagrada para com as nossas tropas”, referiu.
Harris criticou ainda a guerra de Gaza, classificando a situação como devastadora e defendendo o direito dos palestinianos a viver em paz e segurança. “Tantas vidas inocentes perdidas, pessoas desesperadas e esfomeadas a fugirem sem parar”, descreveu. “Deixem-me ser clara: vou sempre defender o direito de Israel de se defender a si própria e vou garantir que tem a capacidade de o fazer, porque o povo de Israel nunca mais deverá ter de enfrentar o horror que uma organização terrorista chamada Hamas causou a 07 de outubro”, defendeu.
“Tantas vidas inocentes perdidas, pessoas desesperadas e esfomeadas a fugirem sem parar”, descreveu. “A dimensão do sofrimento é de partir o coração”, continuou.
Kamala encerrou a Convenção Democrata sublinhado a importância do voto e defendeu que estas eleições – que a opõem ao republicano Donald Trump – são uma oportunidade de construir um novo caminho “não como membros de qualquer partido ou fação, mas como americanos”. “Meus caros americanos, adoro o nosso país com todo o meu coração”, afirmou. “Somos os herdeiros da maior democracia na história do mundo”, concluiu.
A Convenção Nacional Democrata decorreu em Chicago, no estado do Illinois, e contou com a presença de figuras como Barack Obama, Bill Clinton, Nancy Pelosi, Joe Biden e a estrela de televisão norte-americana Oprah Winfrey. As eleições americanas, que opõem a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump estão marcadas para 5 de novembro.