Na ilha espanhola de Maiorca, onze restaurantes decidiram implementar um código de vestuário para os clientes, numa tentativa de evitarem os turistas com comportamentos considerados fora do normal e que demonstrem um estado de embriaguez elevado. Nesses restaurantes, a maioria na Playa de Palma, uma das zonas mais concorridas da região, tanto de dia como de noite, não serão mais permitidos clientes sem parte de cima vestida, mascarados ou com camisolas relacionadas com futebol, disse Juan Miguel Ferrer, empresário local.
“O que estamos a tentar comunicar, de alguma forma, é a ideia de que, para entrarem aqui, as pessoas devem tomar banho ou ir mudar de roupa […] Não podem entrar vindos diretamente da praia ou depois de terem estado a beber”, explicou ao The Guardian.
A verdade é que, segundo o empresário, a situação tem vindo a piorar de ano para ano, tendendo até a ser pior do que o que acontecia antes da pandemia. “É uma realidade infeliz”, lamentou. “Desde 10 de maio, têm chegado grandes grupos de turistas que só querem embebedar-se nas ruas, à beira-mar ou mesmo na praia.”
Juan Miguel Ferrer contou ainda que os turistas chegam aos hotéis por volta das 10 horas e que, pelas 14 horas, já “não conseguem sequer andar”. “Estão completamente bêbados e até os amigos os deixam deitados na calçada.”
A medida que Ferrer adotou, assim como outros dez restaurantes, não é a primeira que existe para tentar que este tipo de situações não aconteça: desde 2020 existe uma lei que tenta também reprimir o “turismo movido a álcool”. Contudo, até agora fez pouca diferença, admitiu ainda o empresário. “Precisamos do apoio das autoridades porque nem os empresários nem os cidadãos conseguem impedir isto”, reclamou.
Esta medida surge também depois de os políticos da região – que inclui as ilhas de Ibiza, Formentera e Menorca – terem apoiado uma iniciativa que visa reduzir gradualmente a oferta turística, que está a crescer desproporcionalmente. “Já não podemos crescer em quantidade”, disse Iago Negueruela, responsável regional da economia e turismo das ilhas baleares, quando a lei foi aprovada.
O que se pretende é reduzir o número de visitantes, mas de forma a proteger uma indústria que representa cerca de 45% do PIB da região e que emprega mais de 200 mil pessoas.