O primeiro-ministro do Canadá até pode invocar leis para combater o número crescente de bloqueios “ilegais e perigosos” em todo o país, mas os manifestantes não parecem preocupados. São centenas os camiões que estão estacionados em frente ao parlamento, acompanhados de outras centenas de cidadãos revoltados contra as medidas de combate à pandemia.
Estas manifestações são coordenadas a partir de um segundo local, num parque de estacionamento na Coventry Road, a cinco quilómetros do centro da cidade de Ottawa. É nesse mesmo local que estão oferecidas refeições quentes aos manifestantes, abrigo, agasalhos e locais onde estes podem fazer a sua higiene pessoal. Se isso não bastasse, neste local também há serviços de barbeiro e cabeleireiro, assim como saunas.
Um dos manifestantes é Jeff, um camionista que chegou a Ottawa ha 17 dias. Segundo o Guardian, o protestante revela que os avisos só aumentam a determinação dos presentes. “Há uma sensação de unidade aqui – e acho que só aumentou desde ontem [segunda-feira]. Quando se vê a luz, é difícil voltar para a escuridão.”
O primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou na segunda-feira que invocaria a Lei de Emergências, concedendo amplos poderes ao governo para desmantelar o bloqueio que dura há três semanas e que paralisou Ottawa.
“Toda a gente aqui teve uma história de perda ou tragédia”, afirma Jeff. “Muitas pessoas sofreram nestes últimos anos. Eles perderam empregos, perderam casas, perderam família. É por isso que eles estão aqui.”
O governo de Ontário já anunciou que aceleraria a reabertura das atividades, diminuindo os lugares limitados nos restaurantes e nas empresas, além de retirar a necessidade de certificado de vacinas no dia 1 de março.
Mas os manifestantes no campo continuam sem se moverem. “Nós simplesmente não acreditamos neles”, disse um residente do acampamento. “Eles não são de confiança. Até vermos a prova disso, não vamos acreditar na palavra deles”.