A 10 de agosto, o diário britânico The Guardian publicou uma carta anónima cujo teor dispensa grandes análises de conteúdo: “Há apenas dois dias, tive de deixar a minha casa no Norte do Afeganistão, depois de os talibãs terem conquistado a minha cidade. Ainda estou em fuga e não tenho sítio seguro para onde ir. Há apenas uma semana, era jornalista. Hoje, não posso escrever o meu nome, dizer de onde sou, nem revelar onde estou. (…) Não sei o que me espera, estou tão assustada. Poderei alguma vez voltar a casa? Ver novamente os meus pais? Para onde irei? Como irei sobreviver? (…) Por favor, rezem por mim.”
A repórter afegã, de 22 anos, continua em paradeiro incerto, e este está longe de ser um caso isolado. Na sexta-feira, 13, uma sua compatriota, através de uma carta aberta divulgada nas redes sociais, lança um novo e desesperado alerta: “Escrevo a todos vós com o coração despedaçado e com a profunda esperança de que se juntem a mim. (…) Nas últimas semanas, os talibãs têm massacrado o nosso povo, têm sequestrado muitas crianças, têm vendido raparigas como noivas para os seus combatentes, têm assassinado mulheres pela roupa que trazem vestida (…), têm desalojado milhares de famílias. (…) Isto é uma crise humanitária e o mundo está silencioso. (…) Eu vou ficar aqui e lutar pelo meu país, mas não o posso fazer sozinha. Preciso de aliados. (…) Por favor, ajudem-nos antes que os talibãs conquistem Cabul. Já temos muito pouco tempo (…) Muito obrigada.”