O futuro passa por sermos os Estados Unidos da Europa? Devemos ou não eleger um Governo comunitário? Bruxelas necessita de lançar mão de impostos próprios? As dívidas públicas dos países precisam ou não de ser partilhadas? Como se combate o inverno demográfico que chegou ao cada vez mais velho continente? As fronteiras europeias devem estar a abertas a migrantes e refugiados? A segurança das populações exige a formação de um exército supranacional? Qual é o receituário indicado para travar os populismos? E se um dia o Reino Unido quiser voltar, aceitamo-lo? Que medidas se impõem para mitigarmos as alterações climáticas?
Estas e outras perguntas foram lançadas a seis cabeças-de-lista de partidos portugueses ao Parlamento Europeu. A menos de um mês das eleições que vão definir os 21 representantes nacionais em Bruxelas/Estrasburgo, Pedro Marques (PS), Paulo Rangel (PSD), João Ferreira (CDU), Marisa Matias (BE), Nuno Melo (CDS) e Paulo Sande (Aliança) respondem a tudo.
Durante 21 dias, a VISÃO vai publicar no seu site o que pensam estes seis candidatos sobre o presente e o futuro da Europa (e de Portugal no projeto europeu), elevando o grau de dificuldade do desafio: as respostas, difíceis e complexas, têm uma extensão similar à de um tweet – 280 carateres.
Acompanhe-nos diariamente, até 23 de maio, nesta viagem ao pensamento dos cabeças-de-lista.
PERGUNTA DO DIA:
Qual é a maior ameaça ao europeísmo: os populismos ou a indiferença dos cidadãos em relação ao projeto europeu?
Pedro Marques
“No fundo, são duas faces da mesma moeda. Se existe uma certa indiferença ou desilusão com o projeto europeu deve-se ao incumprimento das expetativas das classes médias, o que constitui o campo para o crescimento dos populismos, que são uma ameaça à Europa à própria democracia.”
Paulo Rangel
“Tanto o populismo como o abstencionismo (que parece ser o sinal exterior dessa “indiferença”) são ameaças sérias ao projecto europeu. Mas não são especificamente europeus: fazem-se sentir a nível nacional de cada Estado e em espaços fora da UE (Brasil, EUA). Têm causas complexas, ligadas às consequências sociais e culturais do binómio digitalização-globalização.”
João Ferreira
“A União Europeia não é a Europa. A maior ameaça que os povos da Europa enfrentam são as políticas de ataque aos direitos e de favorecimento dos grandes grupos económicos e financeiros promovidas pela União Europeia e pelas forças de extrema-direita.”
Marisa Matias
“A crise social e económica de que se alimentam os populismos, a crise humanitária provocada pelo triunfo do discurso da extrema-direita e a incapacidade das instituições europeias de responder a ambos.”
Nuno Melo
“Ambos. A abstenção reforça os extremismos, normalmente mais militantes e em conjunto, são uma forte ameaça ao projecto europeu.”
Paulo Sande
“Sem dúvida a indiferença dos europeus: não há projeto europeu nem futuro para a integração europeia sem os cidadãos. Só que essa indiferença e a falta de esperança e de credibilidade dos sistemas políticos, incluindo dos nacionais, também são alimento e motor dos populismos…”