Foi no dia 4 de março que Sheikha Latifa, filha de Sheikha Mohammed, primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos e emir do Dubai, partilhou um vídeo no Youtube a revelar que tinha fugido do país, para conseguir libertar-se da “maldade” do pai. “Ele é responsável pela morte de muitas pessoas. A imagem de homem de família é apenas um exercício de relações públicas”, dizia Sheikha, no vídeo. A fuga foi planeada com a ajuda de dois amigos, uma finlandesa, Tiina Jauhiainen, e um ex-agente secreto francês, que saíram com ela dos Emirados Árabes Unidos num iate.
Mais de um mês depois da tentativa de fuga, no dia 18 de abril, uma fonte próxima do governo disse ao The Guardian que a princesa, de 32 anos, tinha sido levada de volta para o país e que estava “muito bem” com a família. Segundo um grupo britânico denominado “Detained in Dubai”, que diz ajudar as vítimas de injustiça nos Emirados Árabes Unidos, o iate tinha sido intercetado no próprio dia 4 de março, pelas autoridades, a menos de 80 quilómetros da costa da Índia.
Mas o que é certo é que há dois meses que não se sabe nada de Sheikha Latifa. A Human Rights Watch já pressionou as autoridades para que informem sobre o paradeiro e o estado de saúde da princesa, o que não aconteceu, até agora.
“As autoridades dos Emirados Árabes Unidos devem revelar imediatamente o paradeiro de Sheikha Latifa, confirmar o seu estado de saúde e permitir que ela tenha contacto com o mundo exterior”, refere Sarah Leah Whitson, diretora da Human Rights Wtach no Médio Oriente, em comunicado. “Se ela está detida, precisa de ter acesso a todos os direitos que todos os detidos têm, até mesmo ser ouvida por um juíz independente”, continua.
No mesmo comuicado, a organização citou Tiina Jauhiainen, a amiga finlandesa que se encontrava no iate com a princesa, no momento da tentativa de fuga, que garante que a guarda costeira indiana também participou no “resgate” da princesa, em coordenação com as autoridades dos Emirados Árabes Unidos. “Os homens entraram no barco, apontaram-lhe armas, deitaram-na ao chão e ataram-lhe as mãos atrás das costas”, lê-se. “Ela [Tiina Jauhiainen] disse que os homens gritavam, em inglês, ‘Quem é a Latifa?’ “. A finlandesa revelou, também, que conseguiu regressar ao seu país no dia 22 de março, com a permissão dos Emirados Árabes Unidos.