“Os piores presságios cumpriram-se. Não ouviram as nossas advertências. Voltaram a ameaçar-nos. Tínhamos advertido de que estas ações não ficarão sem consequências. Toda a responsabilidade recai em Washington, Londres e Paris”, afirmou Antonov numa declaração oficial difundida pela embaixada.
O chefe da delegação diplomática russa em Washington qualificou de “inadmissíveis” as palavras do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a responsabilidade de Vladimir Putin no suposto ataque com armas químicas contra a cidade síria de Douma.
“Os ataques ao presidente [Vladimir Putin] são inaceitáveis e inadmissíveis. Os EUA, um país que têm o maior arsenal de armas químicas do mundo, não têm o direito moral de culpar outros países”, assinalou Antónov.A ofensiva lançada hoje pelos EUA, Reino Unido e França contra o Governo de Bashar Al Asad consistiu em três ataques contra instalações utilizadas para produzir e armazenar armas químicas, informou o Pentágono.
O primeiro dos ataques, perto de Damasco, teve como objetivo um centro de investigação científica utilizada, segundo o chefe de Estado Maior Conjunto dos EUA, general Joseph Dunford, para a “investigação, desenvolvimento, produção e testes de armas químicas e biológicas”.
O segundo objetivo dos EUA e aliados europeus foi um depósito de armas químicas situado a oeste de Homs, que segundo Dunford armazenava as principais reservas de gás sarin nas mãos do governo de Asad.
Por último, os três países atacaram um outro armazém de armas químicas e um “importante centro de comandos”, ambos situados perto do depósito de armas químicas a oeste de Homs.
“Os objetivos que foram atacados e destruídos estavam associados ao programa de armamento químico do regime sírio. Também selecionamos objetivos que minimizassem o risco para civis inocentes”, afirmou Dunford em conferência de imprensa.
O ministério da Defesa do Reino Unido indicou que quatro aviões de combate Tornados da Força Aérea Real (RAF) participaram no ataque “com êxito” na Síria contra um armazém militar do regime de Bashar Al Asad.
Os aparelhos britânicos foram lançados como parte da missão coordenada entre o Reino Unido, os EUA e a França para lançar mísseis contra uma antiga base militar síria, situada a cerca de 24 quilómetros a oeste da cidade de Homs, revelou o ministério.
Os ataques dos aviões foram feitos depois de se ter confirmado que aquela base militar era usada pelo regime de Asad “para guardar precursores de armas químicas que estavam a ser armazenados infringindo as obrigações da Síria pela Convenção de Armamento Químico”.
O presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou hoje uma ofensiva conjunta com a França e o Reino Unido contra alvos associados a armamento químico na Síria, em resposta a um alegado ataque químico do qual responsabilizam o governo de Bashar Al Asad.
De Londres, a primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou que não existia “alternativa ao uso da força”.
“Não podemos tolerar a banalização do uso das armas químicas”, afirmou o presidente francês Emmanuel Macron em comunicado.
Guterres pede contenção
O secretário-geral da ONU, António Guterres, exortou hoje os estados membros a exercerem moderação e se absterem de qualquer ação que possa levar a uma escalada após os ataques contra a Síria.
“Eu apelo a todos os Estados membros para que exerçam contenção nestas circunstâncias perigosas e para evitar todos os atos que possam agravar a situação e agravar o sofrimento do povo sírio”, refere António Guterres em comunicado citado pela AFP.
O secretário-geral adiou uma viagem planeada à Arábia Saudita para gerir as consequências da operação militar lançada em conjunto pelos Estados Unidos, Reino Unido e a França contra o governo de Bashar Al Asad.
“Qualquer uso de armas químicas é horrível”, assinala Guterres, destacando a importância de agir de acordo com a Carta da ONU e o direito internacional.
A intervenção militar ocidental contra a Síria não foi autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU.