Ao fim de cerca de quatro anos refugiado na embaixada do Equador em Londres, Julian Assange, o homem que fundou o WikiLeaks, o site que protagonizou a divulgação de documentos sobre o envolvimento dos Estados Unidos e da CIA nas guerras do Afeganistão e Iraque, pode ser hoje libertado. A procuradoria geral da Suécia anunciou esta manhã o arquivamento do processo de acusação de uma alegada violação de uma cidadã sueca por parte do hacker australiano, mas a polícia inglesa já avisou que deterá Assange se este sair do edifício.
A investigação sueca da alegada violação – que Assange sempre negou escudando-se no mútuo consentimento – foi aberta em 2010, logo após a divulgação dos documentos que pôs as nú, através da divulgação, em 2010, de cerca de 500 mil ficheiros que denunciavam o envolvimento da agência americana CIA, nas guerras do Medio Oriente.
Mas a ordem de detenção não era pacífica e a própria ONU já tinha feito, há mais de um ano, uma recomendação no sentido da sua libertação.
Estas declarações do painel da ONU sempre estiveram no início da página do Twitter de Assange, com o seguinte comentário: “O Governo da Suécia continua a violar as conclusões da ONU”, escreveu a 4 de abril último. Mas esta manhã, o fundador do Weekleaks postou uma foto sua a sorrir. A espera pode ter valido a pena.
Aguarda-se conferência imprensa em Estocolmo
“A procuradora Marianne Ny decidiu não dar seguimento ao inquérito por presumível violação contra Julian Assange”, divulgou a Procuradoria Geral sueca esta manhã, num comunicado, aguardando-se ainda hoje uma conferência de imprensa, em Estocolmo, para justificar as razões do arquivamento da queixa e que o pode libertar do mandado de detenção europeu emitido pela Suécia.
Esta acusação sempre foi vista como uma manobra para conseguir a extradição do ativista, de 45 anos, para os Estados Unidos, onde pode ser processado pela publicação de documentos militares e diplomáticos confidenciais.
Daí que sempre se tenha recusado a viajar para a Suécia e os interrogatórios tenham decorrido em Londres por um procurador do Equador e na presença de magistrados suecos.
Fuga para França?
Falta perceber qual será a reação da polícia inglesa à sua libertação. Os advogados de Assange querem garantias de que ele não será extraditado para os Estados Unidos com base nas acusações de espionagem.
Em comunicado, a polícia inglesa mostrou estar favorável à sua detenção se ele sair da embaixada do Equador, com a justificação da existência de um mandato de detenção por este não se ter apresentado em tribunal a 29 de junho de 2012. “A polícia metropolitana é obrigada a executar esse mandado no caso de Assange deixar a embaixada”, informaram as autoridades britânicas, assumindo, porém, que agora seria acusado de um delito menos grave.
Mas, por precaução, os advogados de Assange estudam a hipótese de pedir agora asilo político em França, como avança o The Telegraph