Acionado o artigo 50 do Tratado de Lisboa e marcado o arranque da saída do Reino Unido da União Europeia, Theresa May quer ir a votos e convocou esta terça-feira eleições antecipadas para 8 de junho.
A primeira-ministra britânica, que chegou ao cargo com a saída de David Cameron mas sem escrutínio popular, quer agora que os britânicos confirmem nas urnas o seu poder.
Com dois anos de negociações com Bruxelas para efetivar o Brexit, Theresa May diz que é preciso reforçar a estabilidade no Reino Unido, numa decisão que apanhou toda a gente de surpresa, uma vez que a primeira-ministra tem vindo a dizer nos vários discursos e entrevistas que eleições antecipadas estavam fora de questão. Agora, May diz que é com relutância que convoca estas eleições e que elas serão sobretudo sobre liderança, defendendo que o Reino Unido precisa de afastar qualquer risco de incerteza e instabilidade neste momento de negociações para o Brexit.
As divisões que surgiram no país depois do referendo que deu a vitória ao Brexit têm-se mantido. Theresa May sempre disse que respeitaria o voto dos britânicos e concretizaria a saída do Reino Unido da UE. Mas como lembrou hoje, os outros partidos opõem-se a esta saída e é preciso haver “unidade em Westminster”. E é sabido que os partidos da oposição têm-se mostrado contra o plano de May para as negociações com Bruxelas.
A campanha já começou, com Tim Farron, do Lib Dem, a reagir ao anúncio de Theresa May da seguinte forma: “Se queremos evitar um desastroso ‘hard Brexit’. Se queremos manter o Reino Unido no mercado único. Se queremos um Reino Unido aberto, tolerante e unido, esta é a oportunidade. Apenas os Liberais podem impedir uma maioria conservadora”.
Apesar da vontade de May, esta decisão de eleições antecipadas precisa agora de ser aprovada por dois terços dos deputados.